Foi se o tempo que princesas dependiam de seus príncipes para serem resgatadas. Desde Shrek é regra, a mocinha ter que ser mais que apenas a dama indefesa. Se for capaz de salvar a si mesma, melhor ainda. A Princesa filme original do Star+ é o suprassumo desta "nova versão" de mocinhas de fantasia, com uma protagonista que não apenas salva a si e a todo o reino, mas o faz com sequencias de luta de fazer inveja à qualquer herói brucutu do cinema.
A Princesa (Joey King) acorda trancafiada e sob forte vigilância na torre mais alta do castelo de seu pai. Pronta para seu casamento forçado com o Lord Julius (Dominic Cooper) que quer a todo custo ser rei. Sem pestanejar a protagonista parte para cima de seus opressores, enfrentando uma a um cada brutamontes que aparece enquanto tenta descer a gigantesca torre, resgatar seus pais e livrar o reino do tirano noivo.
Com ares de vídeo game, com a Princesa enfrentando um obstáculo atrás do outro, com qualquer ferramenta que tenha à mão, o longa é uma série de sequencias de ação quase ininterruptas. Os poucos de respiro, vem em forma de flashbacks que esclarece como estado de sítio foi implantado no castelo, e como a protagonista se tornou esta guerreira incansável. Ou em pequenas pausa estratégica para a personagem se recompor antes de encarar uma nova luta.
São sim as lutas o grande atrativo do filme, e por isso elas precisam ser boas o suficiente para justificar o foco ininterrupto nelas. Ciente disso, o roteiro aposta em oferecer uma variedade e quantidade absurda de oponentes, deixando a mocinha sempre na empática condição de desvantagem. Joey King tem pouco mais de um metro e sessenta centímetros, começa a história algemada, com um vestido incomodo volumoso, e seus algozes além de estar em maior número, tem o triplo de seu tamanho. É quase impossível não torcer por ela.
Mas o longa não se vale apenas dessa torcida, e entrega sequencias de luta complexas, criativas, bem filmadas, editadas, e cheias de consequências. É uma mistura da intensidade e periculosidade de um John Wick, com a inventividade digna de Jackie Chan. As coreografias complexas, utilizam todos os recursos ao alcance para entregar as sequencias mais enérgicas possíveis, desde o cenário, objetos até a diferença de tamanho e habilidades dos oponentes. Enquanto, a protagonista realmente parece estar em perigo, tanto por sua óbvia desvantagem, quanto pela falta de receio da trama em machucá-la.
Aliás, a desconstrução da princesa ideal vista ao longo do filme é algo digno de nota. Partindo da jovem bem arrumada em um imaculado vestido branco, a ação vai desconstruindo esta figura. Acrescentando sujeira, sangue, incluindo acessórios que nada combinam com uma donzela, e desfigurando o figurino gradualmente, até que terminemos com uma autêntica princesa guerreira que deve inspirar muitos cosplays mundo à fora. Um bom trabalho de figurino, que serve bem à história que pretende contar. O mesmo pode ser visto na direção de arte, que cria os cenários que ajudam a compor as sequencias de luta, ao mesmo tempo que constroem aquele ar de fantasia medieval bastante familiar.
A sempre eficiente Joey King, traz uma energia determinada e incansável para a protagonista. Acerta nos tempos de comédia, e surpreende ao encarar sem medo a maioria das coreografias de batalha, em seu primeiro trabalho com sequencias de luta mais intensas. Ela carrega o filme nas costas, sobrando ao resto do elenco, que conta ainda com Veronica Ngo, Olga Kurylenko e Kristofer Kamiyasu, tentar acompanha-la.
Descompromissado, divertido, bem produzido e com ação impecável, A Princesa é uma excelente surpresa no catálogo do Star+. Uma produção que sabe muito bem que filme quer ser, uma ação medieval intensa com uma protagonista incansável, e mergulha com tudo nessa proposta. Entregando um dos mais enérgicos filmes de ação do ano. Além de mais uma princesa "bad ass" para inspirar meninas e mulheres ao redor do mundo.
A Princesa (The Princess)
2022 - EUA - 94min
Ação, Fantasia
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