Irmã Morte

Vou começar esta resenha com uma informação que eu não tinha quando escolhi assistir Irmã Morte: este filme é um spin-off, um derivado, de outro terror espanhol, Verônica: Jogo Sobrenatural de 2017. Dito isso, não é necessário ter assistido ao longa original para acompanhar este. De fato, minha ignorância quanto ao futuro da personagem título apenas melhorou a experiência. 

Narcisa (Aria Bedmar) é uma jovem que ainda na infância, na década de 1930, foi considerada milagrosa. Agora é uma noviça enviada para um antigo convento, transformado em escola para meninas após a Guerra Civil espanhola  e comandado por freiras. Em dúvida sobre sua vocação e em busca de um sinal divino, não demora muito para que moça comece a presenciar eventos estranhos no local, e a buscar explicações para eles.

Um prédio gigantesco e cheio de história, ícones religiosos, segredos do passado, crianças agindo de forma estranha, e claro as naturalmente incômodas figuras em hábitos que freiras podem ser,  se abordadas de forma correta, Irmã Morte não tenta ser revolucionário. A produção escolhe temáticas já bastante usadas no gênero, o diferencial está na forma eficiente com que o roteiro usa esses elementos. 

Sem apelar para sustos fáceis, a trama é construída com uma tensão crescente, acentuada pelo mistério em torno dos passado do lugar. Ao ponto de à certa altura questionarmos se os eventos são mesmo de cunho sobrenatural, ou resultado das ações de algumas freiras mais antigas. O desfecho acertadamente usa um pouco dos dois, o terror mundano associado às ações humanas, e o terror místico. 

A construção do envolvimento é tão eficiente que até nos faz perdoar as poucas falhas da produção. Como o uso excessivo de horror em sonhos, entenda-se sem grandes consequências físicas. E algumas escolhas pouco inteligentes feitas tanto pelas freiras, quanto pela entidade que assombra o local. Esta por exemplo, castiga pessoas que nada tem a ver com seu infortúnio. Explicar mais que isso, seria spoiler. 

O elenco é eficiente em entregar o que o roteiro pede, especialmente as crianças. Mas é Aria Bedmar que de fato carrega a trama. Partindo de uma noviça ingênua e insegura, que diante das experiências a que é submetida descobre seu propósito e reaviva sua vocação. 

Não me surpreenderia se novas "aventuras" estreladas por essa versão da personagem aparecerem no futuro. Em Verônica: Jogo Sobrenatural, a Irmã aparece em uma versão mais velha e experiente, vivida por Consuelo Trujillo. Não me importaria de ver como ela adquiriu tal experiência ao longo de sua vida, com interpretação de Bedmar. 

Irmã Morte é uma boa surpresa no catálogo da Netflix (Verônica também está disponível na plataforma). Não pretende ser inovador nem surpreendente, mas entreter quem gosta do gênero por uma hora e meia. E atinge seu objetivo com eficiência. Entregando algo, que outra feira mais famosa, que também ganhou filme este ano, não conseguiu!

Irmã Morte (Hermana muerte)
2023 - Espanha - 91min
Terror

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