O primeiro A Freira, de 2018, apresentava alguns problemas de lógica quando pensávamos um pouco mais nas atitudes dos personagens. Mas, compensava esses escorregões com uma atmosfera bem construída e uma bela fotografia. A segunda "aventura" da entidade, repete esses erros com mais ênfase, e não tem uma produção tão inspirada. Mas a essa altura, isso talvez não seja um grande empecílio para quem já embarcou na franquia Invocação do Mal.
Quatro anos depois dos eventos do primeiro filme, um novo rastro de religiosos mortos chama a atenção do Vaticano. O clero, recruta novamente a Irmã Irene (Taissa Farmiga), para conduzir a investigação, que a leva a um internato de meninas.
A mudança de cenário do convento para uma escola, ainda que a instituição de ensino seja em um antigo monastério, é um dos fatores que conta pontos contra essa sequencia. Fora do ambiente de clausura, as oportunidades para uma fotografia bela e assustadora parece diminuir. Assim como a ausência de figuras em hábitos. Dois fatores que determinavam a construção da atmosfera opressiva do primeiro filme.
O ritmo aqui também é mais irregular se compara do crescente da história anterior. A investigação é lenta, especialmente por causa da alternância de núcleos, entre a escola e a "freira detetive". Quando finalmente as histórias se unem, a história parece correr para resolver o embate a tempo.
Por outro lado, a tentativa de expansão da mitologia é bem vinda. Explorando ainda mais ícones católicos, o demônio agora parece ter um objetivo pessoal. Embora uma reflexão mais demorada, nos faça questionar porquê este propósito surgiu apenas agora? Ou ainda o porquê de ela buscar determinado objeto, ou pessoas. Existe sim uma explicação, mas não acredito que tenha sido explorada o suficiente.
Outro questionamento que sempre surge pós sessão, é porquê a entidade desperdiça tantas oportunidades de matar as vítimas, enquanto faz um show de demonstração de poderes. Ou ainda apenas ficando silenciosa em cantos escuros de diversos cômodos. Saberia ela que estamos assistindo? Ou é como um gato brincando com a comida? Mas esse é um cliché em produções do gênero, não necessariamente uma falha neste filme.
É claro, durante o filme provavelmente estes questionamentos não nos alcançam, pois a produção acerta em um aspecto essencial, os personagens. A começar pela protagonista Irmã Irene, com quem já temos empatia graças à aventura anterior, ao carisma de Farmiga, e por sua semelhança física com a irmã mais velha Vera (que também está na franquia como Lorraine Warren). O fato da moça ser eficiente apenas completa o pacote.
Jonas Bloquet também retorna do filme anterior, no papel de Frenchie. Entre as novidades Storm Reid, dá vida a nova parceira de trabalho de Irene, a irmã Debra. Enquanto Anna Popplewell, Katelyn Rose Downey e várias outras garotinhas são as vítimas em potencial. Além de grande facilitadoras de empatia, afinal, quem não torceria por crianças?
E claro, Bonnie Aarons retorna como a entidade título, cuja a figura continua assustadora, mesmo já tendo sido explorada à exaustão na franquia. Embora sua imagem também gere questionamento. Se ela pode assumir qualquer forma que te aterrorize, e o filme estabelece isso, porquê continuar como freira, se não está mais em um convento?
O primeiro A Freira, é melhor na construção da atmosfera, e mas A Freira 2 ganha pontos ao oferecer personagens mais empáticos. O resultado é um empate! Ambas as produções são bons passatempos para fãs do gênero, e principalmente da franquia. Não reinventam o terror, tão pouco sobrevivem a uma análise mais rígida, mas oferecem um exemplar que entretém e diverte, por umas duas horas.
A Freira 2 (The Nun II)
EUA - 2023 - 110min
Terror, Mistério, Suspense
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