As Marvels

Desde Vingadores: Ultimato, a  Marvel vem cuspindo dezenas de personagens em séries e filmes, com a promessa de algo grandioso no futuro. O problema, é que depois de presenciar a epopeia que reunião todo seu panteão de heróis, o público não consegue aceitar nada menos grandioso ou engajado. Some isso, à misoginia do "nerd de bem", e ao que parece ser a própria desistência do marketing do estúdio. E não importa o produto entregue, As Marvels parece programado para fracassar, mesmo que finalmente, reúna alguns dos muitos personagens espalhados por este multiverso.

Capitã Marvel, Kamala Khan e Monica Rambeau (Brie Larson, Iman Vellani e  Teyonah Parris) tem seus poderes entrelaçados como consequência das ações de uma vilã. Fazendo com que as moças troquem de lugar sempre que usam seus poderes ao mesmo tempo. Obrigando-as a trabalhar juntas para deter a malfeitora, e claro, salvar alguns mundos. 

Vale mencionar, Kamala é a maior fã de Carol Danvers, enquanto Mônica é a sobrinha que sofreu a vida inteira com a ausência da super-moça. Logo, o encontro das três deveria ser algo esperado no cânone do MCU. Enquanto premissa de troca de lugares, oferece a solução perfeita para o problema de onipotência da Capitã Marvel. Além de criar interessantes e inusitadas sequencias de luta. O filme tem boas premissas tanto no quesito emoção, quanto o da ação. Então porquê não da certo?

A verdade é que dá certo sim. Não que o filme seja infalível, mas está no mesmo patamar que outras obras de "meio de fase" da franquia. A diferença é esta obra, chegou tarde, em um mercado saturado, inundando de expectativas e preconceitos. Opinião pública que inclusive, interfere no material entregue. 

As Marvels é um dos mais curtos filmes da Marvel, e edição deixa evidente que havia muito mais com que se trabalhar ali. É como se estivéssemos vendo uma daquelas verões picotadas pela Globo para caber na Sessão da Tarde. Esta é uma das falhas reais da produção. Ainda assim, o filme consegue entregar muitos bons momentos.

A obra parece ter a intenção de ser mais leve, despretensiosa e até meio bobinha. Outro aspecto, que o público do MCU parece não estar disposto a aceitar. Tudo precisa ser grandioso, cheio de propósito, e conectado a outras 35 produções. 

Esta aventura pretende unir o trio de protagonista, e explorar essa relação forçada. E nisso o filme se sai muito bem. A jovialidade de Kamala e a bagagem com Mônica aos poucos quebram a sisudez, e o isolamento auto imposto da Capitã. Ao mesmo tempo, que o encontro com seu ídolo, faz a adolescente amadurecer, e Rambeau enfrentar suas mágoas. Todas evoluem e ajudam a evoluir.  

O que não justifica o uso de uma vilã genérica, ainda mais porque há um ensaio de propósito ali. Uma explicação rápida e corrida tenta mostrar o lado de Dar-Benn (Zawe Ashton), e ainda aumentar a responsabilidade de Danvers. Mas a exploração corrida deste ponto de vista, torna a vilã apenas caricata, seus atos extremos, e de tão pouca consequência no final da equação. Antes oferecessem uma vilão apenas malvado, e pronto. É mau, porque é mau, não precisa de mais!

Já Nick Fury está presente apenas para cumprir tabela. Seu núcleo funciona mais como ponto de referência e alivio cômico. Felizmente, mesmo no automático é muito agradável acompanhar Samuel L. Jackson. Que aqui ganha a companhia de Goose de família de Kamala. 

E por falar no agente de tapa olho, sua série não interfere em nada nesta trama. Mesmo tratando do mesmo problema, refugiados interplanetários. Um problema recorrente no MCU, as produções não parecem saber uma das outras. O que acaba contado ponto contra, já quem dedicou horas assistindo várias séries deseja ser recompensado por isso. Mas acaba descobrindo que não precisava ter acompanhado a maioria, para compreender o que se passa aqui. 

A química entre as três protagonistas é o ponto alto da produção, mas é Iman Vellani quem se destaca. Apaixonada por esse universo a atriz usa essa empolgação para criar uma fã carismática e empolgada, que facilmente representaria muitos de nós. Quem nunca sonhou em encontrar um ídolo. Esse é primeiro personagem da jovem, ainda vamos descobrir se ela é versátil ou não. Mas uma coisa é certa, ela nasceu para dar vida à Miss Marvel. 

Tem ainda muita ciência mágica, algumas conveniências, e atalhos. Mas, nada que destoe do usual em obras de super-heróis. O mesmo vale para os efeitos especiais, cenários e figurinos, funcionam, mas não é nada que não tenhamos visto antes.  E sim, talvez eu seja a única, mas eu gostei do planeta cantante!

São as cenas de luta com trocas constantes, que chamam a atenção em sua execução. Frenéticas e  caóticas, empolgam e ao mesmo tempo que compartilham a sensação que as personagens estão sentido. Assim como elas, sempre que há uma troca, nós temos que nos adaptar ao novo cenário.

As Marvels vai inevitavelmente fracassar nas bilheterias. Mas o filme não é nem de longe a desgraça que muitos pintam. Seu potencial parece ter sido sabotado por muitas fontes, até pelo próprio estúdio. Uma pena já que apesar dos obstáculo Nia DaCosta, entrega uma direção competente, e um filme ciente do que quer ser. Divertido, apenas isso! E tá tudo bem, não precisa mais. 

As Marvels (The Marvels) 
2023 - EUA - 105min
Ação, Aventura, Ficção-científica

 

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