Vingadores: Ultimato

Ultimato é o único filme do Universo Cinematográfico da Marvel que não possui uma cena pós-créditos. A escolha acertada, é coerente com a intenção e tom desta produção. Trata-se de uma celebração, e principalmente do encerramento desta primeira década de aventuras "super-heróicas". A preocupação maior é com a despedida dos veteranos, não com a promoção dos próximos heróis.

Se nós, do lado de cá da tela, ficamos devastados com os eventos de Guerra Infinita, imagine o impacto do estalo de Thanos nos personagens sobreviventes e no mundo à sua volta. Aliás não precisa imaginar não, isso é uma das coisas que Vingadores: Ultimato pretende mostrar. É claro, o 22° filme do universo também vai mostrar a tentativa de revanche dos heróis sobre o vilão protagonista e as consequências de seus atos.

E esta é a melhor sinopse que consigo fazer sem dar spoilers. Vamos ver como me saio no resto deste texto.

Se na primeira metade desta aventura definitiva Thanos era o protagonista, o desenvolvimento desta vez fica por conta dos heróis. Mais especificamente os veteranos, que por uma conveniência de roteiro perdoável, foram poupados na eliminação de metade do universo. É hora de Bruce Banner (Mark Ruffalo), Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), Clint Barton (Jeremy Renner), Thor (Chris Hemsworth), Steve Rogers (Chris Evans) e Tony Stark (Robert Downey Jr.) encerrarem seus arcos narrativos. Seja definitivamente, seja para se tornarem algo novo.

É gratificante notar que apesar de os pilares destas aventuras serem o Homem de Ferro e o Capitão América - e sim, o foco maior é neles - o roteiro dedica tempo para cada um destes integrantes originais. Corrigindo inclusive algumas injustiças, geralmente sofridas pelo Gavião Arqueiro e a Viúva Negra. Acompanhamos muito bem como cada um deles, lida com as consequências desta nova ordem mundial, e compreendemos as motivações para que justificam suas escolhas. Conferindo mais importância aos desfechos de seus arcos.

Mas não é só dos Vingadores originais que Ultimato é feito, mais gente sobreviveu ao final de Guerra Infinita. A maioria destes, aqui coadjuvantes, tem suas funções bem definidas na trama, mas sem grandes desenvolvimento. Há uma curiosidade não sanada quanto à forma como estes personagens estão encarando o desaparecimento de metade da população mundial? Com certeza, assim como gostaríamos de ver um pouco mais da reação do mundo como um todo. Mas não existem falta e informação ou grandes dúvidas em relação à isso, apenas a vontade de acompanhar mais. Tal economia é necessária para não comprometer o ritmo e duração do longa. Quem ainda tiver curiosidade de como a humanidade reagiria ao desaparecimento de parte da população, eu indico a série The Leftovers da HBO, e o livro homônimo que a inspirou.

De volta à Marvel, apesar do longo, três horas de duração, o filme em momento algum o filme soa arrastado, ou cansativo. Mas, diferente de seu antecessor, esta produção não joga o espectador direto na ação. Ultimato gasta um tempo, para situar apresentar este novo contexto, e situar seus personagens nele. Construção de mundo que pode soar lenta demais, para quem há um ano espera por mais "tiro, porrada e bomba", mas que é essencial para conferir peso aos grandes acontecimentos que estão por vir.

Há muito trabalho à ser feito, problemas a ser resolvidos e muitas pontas para amarrar. E não são pontas soltas referentes apenas ao filme anterior, mas aos dez anos do MCU. Para cumprir tal tarefa o roteiro revisita e referencia, acontecimentos chave e momentos icônicos destes onze anos de filmes, séries de TV e webseries. O resultado é positivo. Existe sim um ou outro furo da lógica, mas estes são inerentes ao recurso de ficção-cientifica utilizado, e não necessariamente do roteiro do filme. Além disso, um deles pode bem ser intencional.

O retorno à situações vistas em produções anteriores, também abre espaço também para muito fan-service funcionais para a trama, ao invés daqueles que pretendem apenas servir ao público. Então, parabéns para você que tem uma boa memória, ou conseguiu fazer aquela maratona com todos os filmes antes desta estreia. Tem muitos personagens, momentos, objetos e detalhes para procurar. Além da última aparição de Stan Lee nas produções do estúdio. Embora a melhor homenagem ao criador tenha sido feita em Capitã Marvel.

No aspecto técnico, a qualidade é aquela esperada pelas produções do estúdio. Uma quantidade massiva de CGI, que vai da criação de personagens e cenários completos, até a maquiagem digital de rejuvenescimento que a Disney tem explorado em muitos filmes. O único ponto que chegou a desagradar é a grande batalha final se passar em um cenário escuro, que dificulta distinguirmos a grande quantidade de personagem em tela. Embora seja coerente com o tom mais intenso da sequencia. Talvez, a sensação de escuridão seja meramente efeito dos óculos 3D. Logo, convém dispensar a tecnologia, que escurece as cenas, não acrescenta muito à narrativa e é mais cara.

Os irmãos Russo tinham um desafio digno nos maiores heróis do universo, e entregaram o que prometeram. Um filme coeso, que atende a expectativa dos fãs, ao mesmo tempo que surpreende mesmo os maiores conhecedores das aventuras nos quadrinhos. Tem potencial para levar, tanto nerds, quanto o público geral à rompantes de alegria extrema e lágrimas emocionadas.

Vingadores: Ultimato é um encerramento corajoso e bem construído daquele que é provavelmente o projeto mais ambicioso, e bem sucedido, de um estúdio de cinema. Mas principalmente é o belo encerramento de um momento criativo deste universo, que honra seus habitantes heroicos e respeita o dedicado público.

Entre batalhas e momentos icônicos, é aquela pausa para olhar para trás, antes de seguir em frente. Após contemplar e nos despedir da boa experiência até aqui, podemos dizer com segurança: que venha a nova Marvel!

Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame)
2019 - EUA - 181min
Ação, Aventura


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