Bird Box Barcelona

Expansão de mundo, esta pode ser a nova tendência para franquias audiovisuais. É o que o Prime Video pretende fazer com a série Citadel, e o que a Netflix está fazendo com Bird Box. Ao trazer não uma continuação do filme de 2018 da Sandra Bullock, mas uma história completamente distinta no mesmo mundo. O que deve agradar quem já gostou do filme original, mas não impede quem não viu ou não curtiu, de entender ou gostar deste.

E que mundo é esse? O mundo onde criaturas misteriosas invadiram a terra e causaram um apocalipse. Tais criaturas são misteriosas porque leva quem as vê ao suicídio. Logo, os personagens vivos que acompanhamos nunca as viram, e consequentemente nós também não. Manter a criatura incógnita é um dos melhores acertos de ambos os filmes. 

Se antes acompanhávamos uma mãe estadunidense protegendo duas crianças, agora acompanhamos um pai em Barcelona que acredita ter uma missão. Sebastián (Mario Casas) tem uma visão de mundo, cultura, objetivos e modos operandi próprios nessa nova ordem mundial, que nos faz ter uma nova perspectiva do fim do mundo. Hábitos que serão confrontados e questionados, de forma eficiente, ainda que previsível, pelos encontros que o personagem trava. 

Uma sociedade diferente reage de formas diferentes! E aqui a fé e a religião mais latentes na cultura hispânica, criam uma reação única entre os sobreviventes. E consequentemente expandem o escopo da ameaça, ao mostrar que ela se adapta às diferentes regiões do planeta. Além de dar personalidade à produção. Sim, é o mesmo mundo e ameaça do primeiro filme, ainda é um suspense com toques de terror, mas é um filme completamente diferente. Alguns diriam, até melhor.


Cheio de alusões ao cristianismo, com messias, profetas, anjos e a necessidade de salvação, as discussões éticas e morais são enriquecidas. Dilemas que o protagonista, vivido por Mario Casas, carrega com eficiência. O elenco coadjuvante é eficiente em empurrar a história para frente desafiando as crenças e instintos do personagem principal. Todos tem sua função, mas o destaque fica com as  pequenas Alejandra Howard e Naila Schuberth, filha real e "substituta", que agem em pontos opostos da moralidade de Sebastián.

O filme também amplia o universo mostrando mais do que sobrou da civilização, e como vivem, já que a história se passa em uma metrópole fantasma, muito bem explorada e ambientada pelos diretores roteiristas. E com um pequeno toque de Ensaio Sobre a Cegueira. David Pastor e Àlex Pastor se saem muito bem na construção do suspense e no desenvolvimento dos temas abordados. É apenas nos momentos em que tentam entregar ação, que a dupla falha e entrega um resultado pouco caprichado. Limitações de orçamento, por exemplo, são perceptíveis apenas nesses momentos. 

Bird Box Barcelona não é excepcional, mas é um bom filme, intrigante o suficiente para manter o espectador ligado até o fim. Mas principalmente, é excelente em expandir o universo e mitologia para além do livro Caixa de Pássaros de de Josh Malerman, no qual foi baseado, e estabelecer os parâmetros da franquia. Mal posso esperar para descobrir como pessoas de outras partes do mundo reagiram à essa ameaça, com produções locais e histórias independentes. Quem venham Bird Box Coréia do Sul, Egito, Rússia, e claro, Brasil! (Nenhuma dessas sequencias sequer foi cogitada, é só um desejo meu mesmo!)

Bird Box Barcelona 
2023 - Espanha - 112min
Suspense, Terror

Leia também a crítica do primeiro Bird Box!

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