O Grishaverso está de volta e com ele a promessa de nos aprofundarmos mais ainda no universo criado por Leigh Bardugo. A série da Netflix,expande sim, o mundo de Alina e dos Corvos, e evolui seus desafios, mas abraça um ritmo corrido que, em muitos momentos, deixa os não leitores para trás!
Depois de "derrotar Kirigan (Ben Barnes)", Alina (Jessie Mei Li) e Mali (Archie Renaux) partem em busca de amplificadores. Artefatos mágicos que aumentam os poderes grisha e podem ajudar a moça a dar fim à dobra. Para tal, ela viaja o mundo, faz aliados e inimigos no processo.
Já os outros dois núcleos se juntam quando Nina (Danielle Galligan) se oferece para trabalhar para os Corvos em troca de ajuda para livrar Matthias (Calahan Skogman) da prisão. Entre as diversas missões que o grupo encara nessa temporada, estão, pagamentos de dívidas, vinganças, fantasmas do passado, segredos e busca por artefatos mágicos.
Há também tempo para vermos as consequências dos eventos dentro da dobra, como o surgimento de refugiados. A caça aos grishas e sua divisão entre apoiadores da luz e das sombras. Os efeitos na família real e em personagens específicos como Genya(Daisy Head) e Baghra (Zoë Wanamaker).
Parece muita coisa para apenas oito episódios? E é! Claro, esse é ao mesmo tempo o ponto forte e fraco da temporada. Se por um lado, o excesso de plots obriga a narrativa a ter um tom mais acelerado, o que deve agradar quem reclamou dos primeiros episódios mais lentos da temporada anterior. Por outro a correria se apoia em conveniências e pouco detalhamento universo.
O resultado é muito mais cenas de ação e pontos de virada, enquanto algumas coisas ficam pouco ou nada explicada pelo caminho. Para quem leu os livros, e está familiarizado com a mitologia, é tranquilo. Mas e o resto (e provavelmente grande maioria) do público não iniciado, como fica? A resposta é um pouquinho perdido, com linhas genealógicas sendo jogadas na trama, e termos como "merzost" explicados de forma rasa. Já se foram duas temporadas, e eu ainda não compreendi o sistema hierárquico em que os Grishas estão organizados, e como isso se reflete nas cores de suas roupas. O que fica mais gritante, quando Alina diz querer acabar com esse sistema!
Felizmente, a temporada anterior fez um bom trabalho com relação aos personagens, e eles são apego o suficiente para prosseguirmos. Da tradicional mocinha predestinada, ao vilão que amamos odiar, mas principalmente os coadjuvantes. O recém chegado (ainda que pareça ter vindo do nada) corsário Nikolai (Patrick Gibson) é carisma puro. Jesper (Kit Young), cresce conforme mais de sua história é revelada. Assim como Nina, ao interagir com os corvos. Embora essa interação venha as custas de sua trama com Matthias que é relegada ao último plano.
Demais personagens como Genya, Baghra, Zoya (Sujaya Dasgupta) e Inej(Amita Suman), e mesmo novas aquisições como Wylan, Tolya e Tamar (Jack Wolfe, Lewis Tan e Anna Leong Brophy) tem seus pequenos arcos e funções chave na trama. Embora alguns deles de forma bastante corrida. O elenco corresponde bem ao que lhes é exigido. À exceção fica novamente por conta de Freddy Carter, que já convencia pouco como líder dos corvos no ano anterior, e agora quando sua trama pessoal se intensifica não consegue deixar de cair na caricatura. Em defesa do ator, a culpa talvez seja mais da forma como seu personagem é escrito. Kaz, parece aquele chefe convencido, que tem planos péssimos, mas é sempre é salvo pela sorte de ter uma excelente equipe.
São tantos núcleos e subtramas que talvez esqueçamos: a trama principal é a de Alina, e esta segue o desafios tradicionais da jornada do herói predestinado. A previsibilidade faz parte do pacote que escolhemos ao acompanhá-la. Jessie Mei Li continua carregando bem sua trama, com uma boa dinâmica com Renaux e Barnes, mesmo com o tom novelesco exagerado que a narrativa escolhe em muitos momentos.
Os efeitos especiais, não são excepcionais, mas continuam atendendo bem ao que a história pede. E servindo à construção desse mundo que mistura magia, steampunk e Rússia imperial e inspirações asiáticas. Ao lado, é claro da boa direção de arte e figurinos. A produção é caprichada, não podemos negar.
A segunda temporada de Sombra e Ossos corre ao invés de andar por sua história, com isso eventualmente tropeça, e nós perdemos alguns detalhes que enriqueceriam mundos e jornadas pessoais. O desejo de que a série se demorasse um pouco mais em alguns detalhes é inevitável! Mas também é a prova, que mesmo com falhas a adaptação continua entreter e engajar. Ainda estamos apegados a Ravka e seu mundo. Felizmente o final deixa claro, que há bastante história a ser contada. Agora é esperar que a Netflix confirme o terceiro ano!
Sombra e Ossos tem duas temporada, cada uma com oito episódios, com cerca de uma hora de duração cada. Todos estão disponíveis na Netflix!
Leia a crítica da primeira temporada!
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