That's How You Know de Encantada, é mais legal do que você lembra!

Outro dia desses, esbarrei em uma reprise de Encatanda na Sessão da Tarde, e resolvi ficar. Afinal, a projeção estava chegando na melhor parte do filme, o musical no Central Park. Qual não minha surpresa, quando a emissora do plim-plim resolveu cortar o número inteiro! 

Indignada, fiz o que toda pessoa civilizada faz, reclamei horrores no Twitter. Mais tarde, resolvi ser produtiva e escrever este post (sim, eu blogo quanto estou indignada!), que ficou engavetado por um tempo, mas que merece vir à luz, diante da estreia de Desencantada. É hora de explicar porquê... 

..."That's How You Know" é mais legal do que você lembra!

Voltemos para 2007, uma era pré live-actions dos clássicos da Disney, e décadas depois da era de ouro dos musicais. À exceção de uma produção pontual ou outra, como Moulin Rouge e O Fantasma da Ópera, grandes filmes musicais não eram regra. Até mesmo as animações que sempre traziam sequencias com musicas estavam em um grande hiato de produções. 

Então chega Encantada, que decide surfar na onda de Shrek e brincar com os conceitos de contos de fadas, mas desta vez com o aval do estúdio do Mickey, e em formato live-action. A intenção era recriar com bom humor o estilo animações clássicas do estúdio, com atores reais.

E o que muitas destas animações tem em comum? Um numero musical não apenas grandioso, mas praticamente impossível de se criar fora da animação. É assim com Be Our Guest (À Vontade, de A Bela e a Fera), I Just Can't Wait to be King (Eu Quero mais é Ser Rei, de O Rei Leão) e Under the Sea (Onde eu Nasci, de A Pequena Sereia), apenas para citar alguns. Números que começam pequenos, e vão crescendo e escalonando conforme a música evoluei, terminando em uma grande e empolgante fanfarra com, muitos personagens, coreografias complexas e acrobacias impossíveis. 

Em algum momento os criadores de Encantada olharam para esses filmes e pensaram: precisamos de um número assim! That's How You Know (ou Como ela Sabe?, em português) é o resultado deste pensamento ambicioso. E a fórmula foi seguida à risca. Giselle, personagem de Amy Addams, começa a canção sozinha. Aos poucos novos personagens vão se unindo à ela. Cada um trazendo algo novo para acrescentar ao numero, que cresce, e cresce até colocar todo o Central Park para dançar em uma gigantesca e complexa coreografia. 

Tudo isso, sem interromper a história, assim como acontece nas animações. A princesa canta sobre amor para amolecer o coração do Robert (Patrick Dempsey), e o ajuda a demonstrar afeto por Nancy (Idina Menzel). Ele por sua vez informa que não dança e não canta, informação importante para a mudança do personagem. Edward (James Marsden) tem a primeira pista do paradeiro de sua amada, pela sua voz ecoando no parque. É também durante o número que nós, e os personagens, descobrimos sobre a existência do baile onde se passa o clímax do longa. Tudo bem alinhado, muito bem executado e divertido.

Eu sei, pensando hoje, em 2022, após várias adaptações em live-action da própria Disney para seus clássicos, não parece grande coisa. Mas foi Encantada que mostrou que transpor animação para carne e osso não era tão impossível assim. Sem grandes efeitos especiais e computação gráfica, apenas cantores, bailarinos, acrobatas, centenas de pessoas e muito trabalho.

O diretor do filme Kevin Lima afirmou que esta fora a cena mais difícil de rodar em todo o filme. Com apenas cerca de cinco minutos de duração, a sequencia levou dezessete dias para ser finalizada, devido as alterações do tempo, e algumas vezes por causa de fãs do Dempsey. Pois é, também pensei que ele iria falar da dificuldade de coordenar tanta gente!

That's How You Know, não é apenas divertida e empolgante. É uma ideia ousada, de execução complexa, que talvez tenha dado um empurrãozinho na ideia de trazer Ariel, Aladin e companhia para o mundo de carne e osso. 

A sequencia é mais legal do que você lembrava, não é? E não devia ser decepada do filme, ouviu dona Globo. Pronto, falei!