Esta é uma obra que já tinha assistido, e até escrito sobre lá no longínquo ano de 2010 (quer ler? Tá aqui, ó!). E admito, não lembrava muita coisa. Não por que a obra seja ruim, mas porque sua linguagem datada é mais difícil de ser digerida pela audiência de hoje.
É 1939 e a alta burguesia francesa se reúne em sua mansão para um fim de semana de caça e festas. Levando junto seus casos, traições e segredos sem pudor algum. É claro que em algum momento o caos toma conta, levando à uma tragédia que logo será diminuída para manter o status quo na sociedade.
Sem receios de mostrar a traição como algo banal, o longa de Jean Renoir, com roteiro dele e Carl Koch baseado na peça teatral Les Caprices de Marianne, de Alfred de Musset, já estreou causando comoção pela ousadia. E até os dias de hoje ainda causa espanto, quando nos damos conta da época em que foi produzido.
Nem mesmo o prólogo que tenta apaziguar as coisas ameniza a situação. - "Este entretenimento, ambientado às vésperas da Segunda Guerra Mundial, não pretende ser um estudo de boas maneiras. Seus personagens são puramente fictícios." – talvez uma forma de não ofender ninguém. Embora é provável que as relações mostradas ali sejam bastante realistas, salvando as devidas proporções, é claro.
Seja pela época, pela escolha do diretor de colocar muita gente em cena, com uma profundidade de campo que deixa todo mundo em foco, seja pela origem no teatro, a linguagem do longa é bastante teatral. O que deve afastar alguns, especialmente pelas falas “gritadas” das personagens femininas.
Outras estranhezas vêm dos próprios costumes dos endinheirados. Que vão da caça, que é guiada pelos empregados até a mira dos patrões, à suas festas cheias de excentricidades. Há também espaço para vermos um pouco desta hipocrisia do ponto de vista dos empregados. Apontado que todo mundo mente em todas as instâncias.
Ao final das contas A Regra do Jogo é bastante simples: a sinceridade é chata e desinteressante, logo, todo mundo mente!
A Regra do Jogo (La règle du jeu)
Jean Renoir
1939 - França - 1h50min
Comédia
Escolhido como um dos "100 Filmes que Abalaram o Mundo" pela revista Premiere, edição de outubro de 1998. A classificação era sobre os "filmes mais ousados já feitos".
É considerado o filme mais improvisado do diretor, tanto que ele assinou o roteiro ao lado de Carl Koch, Camille François e ''o elenco''.
Entre os colaboradores de Renoir neste longa estavam Henri Cartier-Bresson como ator e assistente de direção, e Coco Chanel na criação dos figurinos.
@bastosfabiane Uma comédia francesa bem saidinha pra sua época, #ARegraDoJogo #projeto1001 #jeanrenoir #laregledujeu #desafio1001 #cinema #filmes #filmesclassicos #1001filmesparaverantesdemorrer ♬ France (Sentimental Accordion Music) - AndyWarner
O Projeto 1001, é um desafio cinéfilo que está rolando aqui no blog e em meu TikTok. Nele eu tento assistir as produções listadas no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer de Steven Jay Schneider. Sempre deixando minhas impressões, apontando detalhes e curiosidades.
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