Lou

Sarah Connor, Laurie Strode, Evelyn Wang, Nanisca... estará Hollywood finalmente abrindo espaço para heroínas mais velhas? Ou será apenas uma fase? De uma forma ou de outra, Lou, da Netflix, é um bom exemplar de filme de ação protagonizado não apenas por uma personagem feminina, característica que já sofre certa resistência por parte do público, mas uma mulher acima dos cinquenta anos. 

Lou (Allison Janney) é uma mulher solitária e misteriosa que vive em uma pacata cidadezinha em uma ilha estadunidense. Quando a filha de sua vizinha e inquilina é sequestrada, ela embarca ao lado da jovem mãe em uma jornada mata a dentro para rastrear o sequestrador e resgatar a menina. 

Mencionei que toda a caçada ocorre em meio a maior tempestade que a região já viu? Chuva constante, frio, lama, terreno acidentado, ferimentos, capangas... não faltam desafios para a dupla, que liderada por Lou enfrenta cada um dos obstáculos de forma determinada, mesmo quando as coisas dão errado. É isso que conquista e mantém o expectador conectado. Até porquê o roteiro não traz grandes inovações É uma perseguição mata a dentro, são os obstáculos, e a forma como as personagens os encaram que a tornam interessante. 

À certa altura o roteiro tenta sim surpreender, ao explorar o passado da protagonista. Usando de "coincidências" convenientes, conexões misteriosas e incluindo o passado bélico estadunidense no contexto. Vale mencionar, o filme se passa na década de 1980. Nada que precise de uma grande construção ou traga uma reviravolta nunca antes vista. Alguns podem até achar certas conexões meio forçadas. Particularmente não acho que atrapalhe a narrativa, e até funciona em muitos momentos.

Allison Janney surpreende ao carregar bem a ação do filme, provavelmente junto de uma boa equipe de dublês. As cenas de ação funcionam, assim como a persona de Lou. Uma senhora solitária, quase reclusa, pragmática e cansada pelo peso de sua extensa bagagem de vida. A sempre eficiente Jurnee Smollett, vive Hannah, a mãe impulsiva e desesperada que serve de contraponto para a protagonistas. Ambas passando pelos mesmos perrengues com a intensidade que eles exigem. Janney e Smollett constroem uma boa dinâmica juntas, que aumentam nossa empatia pela parceira. 

Apenas o personagem do sequestrador vivido por Logan Marshall-Green parece desregulado. O homem parece ter poderes sobre-humanos, ao continuar lutando com todo vigor, após facadas e até tiros. Pensando bem, nada muito diferente de outros vilões de ação que vemos aos montes por aí. Sua resistência acima da média, é apenas um conveniente recurso de roteiro para  estender a briga. As personagens que realmente importam Lou e Hannah sentem cada golpe, e sua luta e méritos são potencializados por isso.

Estreando na direção de longas metragens, mas com uma boa carreira na TV, Anna Foerster se sai bem na condução deste filme. Conferindo peso às dificuldades enfrentadas pelas personagens, construindo um bom ritmo para a narrativa, e nunca se deixando atrapalhar pelas intempéries. Há cenas na chuva, na lama, no escuro, iluminadas por fogo, lanternas, na floresta, em ambientes amplos e fechados, e nunca há a sensação de confusão o desequilíbrio entre as diferentes condições das cenas. Trabalho que consegue em parceria com uma fotografia eficiente

A trilha sonora não chama muita atenção, à não ser quando recorre à sucessos dos anos 1980. Embora estes não conversem bem com a história, funcionando apenas como uma referência da época. Ou ainda um fator nostálgico. 

Lou não reinventa a roda, nem pretende. Com uma trama bem pensada, um bom ritmo e personagens carismáticas o longa entrega o que promete, um bom filme de ação. Não deixa nada a desejar para filmes estrelados por protagonistas masculinos como Liam Neeson ou Denzel Washington. Que venham mais protagonistas femininas e experientes, já passou da hora delas ocuparem o devido espaço!

Lou
2022 - EUA - 107mi
Ação

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