Clássico da Sessão da Tarde, Abracadabra provavelmente não seria feito hoje em dia. Ao menos não na composição em que fora entregue. O que nos deixa levemente preocupados pela tão celebrada sequencia que chega ao Disney+ nos próximos dias. Mas, antes de nos preocuparmos com a nova aventura das irmãs Sanderson, que tal revisitar sua primeira incursão no cinema?
Winifred (Bette Midler), Sarah (Sarah Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy) são bruxas de Salem que foram condenadas à fogueira no século XVII. Graças à um feitiço o trio retorna à vida trezentos anos depois, mas precisam correr contra o tempo e sugar a vida de criancinhas para tornar essa nova vida permanente. É claro, que em seu caminho está um grupo de crianças enxeridas e um gato falante.
Reparou que eu escrevi a sinopse acima do ponto de vista das vilãs? Isto porque apesar de serem maléficas e altamente condenáveis, são as irmãs Sanderson que tornaram Abracadabra tão popular através dos anos. Caricatas, exageradas, mas extremamente carismáticas e divertidas, o trio é o ponto alto da produção. Conseguindo a proeza de soar ameaçadoras quando avançam em seus planos, ao mesmo tempo que parecem patetas e engraçadas enquanto tentam compreender o mundo do século XX. Mérito do roteiro que sabe usar o contexto e o histórico das personagens, e principalmente da química entre as irmãs lideradas pela sempre excelente Bette Midler.
Do lado dos bonzinhos, quem rouba a cena é o gato falante Thackery Binx. Criado por uma mistura de gatos reais, animatrônicos e CGI, ainda soa realista nos dias de hoje. E convenhamos, que criança não iria se encantar e desejar um mascote inteligente e falante. Falando em crianças, do trio de jovens que combatem as bruxas, é Thora Birch, que dá vida à Dani, a mais eficiente em cena.
O adolescente Omri Katz não é tão carismático (ou seria fofo), quanto a intérprete mirim mas consegue carregar o filme razoavelmente. Afinal ele é o virgem que acendeu a vela! Vinessa Shaw é o elo fraco, já que sua Alisson parece presente apenas para sorrir, ser bonita, e o interesse amoroso do rapaz. Ela se envolve na ação, é verdade, mas nem de longe consegue conferir à sua atuação, a urgência e peso que a trama pede.
Vale ainda apontar o bom trabalho de Doug Jones como o zumbi Billy Butcherson. Um ator do qual você não reconhece o rosto, mas certamente conhece o trabalho, já que ele está sempre coberto por complexas e pesadas maquiagens. Ele também é o Anfíbio de A Forma da Água, e o Fauno em Labirinto do Fauno, para citar apenas dois de seus muitos trabalhos.
Lançado em 1993, pré "era do exagero no politicamente correto", o longa apesar de pensado para crianças e já amenizado de suas proposta inicial mais sombria, não poupa a molecada de temas que hoje seriam vetados. À começar pela ação que inicia a trama principal: um virgem acender uma vela! Provavelmente falar de virgindade para crianças de hoje implicaria em apontar a existência do sexo na cabeça de conservadores radicais. Ó meu deus, como explicar isso?! Piadinhas satânicas, sarcásticas, bullying e mortes completam o pacote do "isso não seria feito em 2022 em um filme infantil".
Kenny Ortega faz o dificil trabalho de equilibrar todos esses elementos, a comédia, a aventura, um pouquinho de terror e até música. Com um roteiro que funciona, mas por pouco não se perde em um furo ou outro. A facilidade com que as bruxas rastreiam as crianças no final, por exemplo, é extremamente eficiente. Leva um tempo para encontrarmos uma razão para tal facilidade, seria o faro de Mary, ou ainda a proteção que o lugar escolhido oferece. Não tem igreja nessa cidade? Funcionaria melhor, tem teto!
Abracadabra (Hocus-Pocus)
1993 - EUA - 96min
Aventura, Fantasia
Abracadabra está disponível no Disney+. Dia 30/09/2022, chega a sequencia Abracadabra 2 também exclusiva na plataforma!
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