Top Gun: Maverick

Atualização do contexto, da tecnologia, uma ação bem conduzida e altas doses de nostalgia são suficientes para construir um sucesso de público e crítica? Pois é isso que Top Gun: Maverick, sequencia de Top Gun: Ases Indomáveis, tem a oferecer, 36 anos após o lançamento do original.

Mesmo após trinta anos de experiência, Maverick (Tom Cruise) continua como piloto rebelde, evitando qualquer evolução da carreira que o impedisse de continuar voando. Agora, uma nova missão urgente surge requisitando que o veterano da marinha se torne instrutor de um grupo de jovens pilotos, entre eles Rooster (Miles Teller), filho de seu antigo parceiro Goose, que ainda se ressente pela morte do pai.

Para aqueles que tem um carinho com a obra original, o simples retorno do protagonista, sua paixão por voar e o resgate da relação com Goose, já seriam suficientes para justificar a existência da sequencia. Consciente de seu poder nostálgico, a produção aposta em uma história simples e coesa, apostando mais nas sequencias de ação, do que em uma grande construção dos personagens.

O único com real desenvolvimento aqui é o protagonista. Maverick precisa lidar com a realidade de que sua profissão começa a ficar obsoleta com a evolução dos drones, começa a considerar a possibilidade de se aposentar, e além de estabelecer uma conexão com seus pupilos, tem de superar o rancor de Rooster em relação a ele. O personagem de Teller é o único coadjuvante com um arco melhor definido, já que sua evolução faz a conexão com eventos do filme passado, e afetam direta e emocionalmente o personagem principal. 

Os demais recrutas, e até o interesse amoroso vivido por Jennifer Connelly, são exatamente o que coadjuvantes precisam ser, e apenas isso, acessórios para evoluir a história. Carismáticos sim, mas apenas escadas para Maverick brilhar. Não que Cruise precise de ajuda para tal. Com seu carisma usual, e bastante seguro do papel, ele consegue imprimir camadas de experiência de vida que o personagem não tinha no filme original, sem descaracterizá-lo. Ainda é o mesmo piloto abusado e impulsivo, mas agora com toda uma bagagem de vida que é entregue em detalhes e entrelinhas.

Para Maverick mostrar seu melhor ele precisa do que? Um motivo para voar. A missão aqui é simples, clara, e didaticamente explicada à exaustão. Os inimigos não tem rosto, se aproveitando da impessoalidade de lutar contra alguém sem nome em um cockpit distante. Tudo para facilitar e valorizar as muitas e bem executadas sequencias de voo. Estas, valem dizer foram criadas com o mínimo de CGI possível, exigindo que os atores passassem por intensos treinamentos para suportar a força G durante as gravações em aeronaves de verdade. 

Joseph Kosinski se sai muito bem na difícil tarefa de coreografar e coordenar as sequencias aéreas. Respeitando a lógica enquanto alterna entre imagens da aeronave, dos pilotos, e as reações daqueles que estão em solo. O espectador nunca fica perdido quanto ao que acontece, quem está em cada jato, pra onde estão indo, quem está perseguindo quem, é tudo extremamente, claro, compreensível. E o mais impressionante, realista! As imagens são belas, bem editadas e impactantes. Este é o grande atrativo do filme, bem como a evolução tecnológica que justifica sua existência.

Isto é, para aqueles que se contentam apenas com a ação pela ação, e principalmente para os fãs da franquia Quem precisa de uma historia mais elaborada, ou não tem o benefício do fator nostalgia, pode se sentir um pouco entediado, pela previsibilidade da trama, enquanto espera pelo empolgante clímax. Me incluo aqui neste grupo.


Top Gun: Maverick é um bom filme de ação. Atualiza a tecnologia e o contexto (agora tem mulheres no cockpit, que atual!), funciona bem com fãs do gênero, e com aqueles que buscam a nostalgia. Uma batalha bem realizada de jatos, e Tom Cruise,  é o que o filme propõe e entrega. E nada mais.

Top Gun: Maverick
2022 - EUA - 131min
Ação

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