O Projeto Adam

Amantes de histórias com viagens no tempo adoram a complexidade da temática e as longas discussões físicas e filosóficas que ela propõe. Entretanto, antes de mergulharmos em argumentos complexos, todos precisamos ser apresentados aos conceitos básicos da viagem temporal, geralmente por alguma obra mais simples. O Projeto Adam é exatamente este tipo de obra, uma introdução divertida e objetiva a estes conceitos.

Adam (Ryan Reynolds) é um viajante do tempo de 2050, que em uma missão viaja erroneamente para 2022. Preso na época errada, ele encontra sua versão de 12 anos (Wallker Scobell). Juntos a dupla precisa salvar o futuro, ao mesmo tempo que são perseguidos por uma poderosa corporação.

Sim, a nova parceira de Reynolds e Shawn Levy (diretor também de Free Guy), é visivelmente voltada para o público mais jovem. Usando abordagem mais simples, por vezes até rasa, e bastante didática dos conceitos de viagem no tempo que usa. O que não significa que a aventura vai entediar os mais velhos, e iniciados nas peripécias pelo tempo. Graças ao equilíbrio acertado entre a ação, e o desenvolvimento de seus dois protagonistas. 

Cada Adam, adulto e criança, tem seus dilemas pessoais a serem desenvolvidos. Enquanto o adulto precisa se reconciliar com o seu passado, literalmente lidando com ele. A versão vivida por Wallker Scobell, precisa lidar com a raiva causada pelo luto, e evitar se transformar na figura amargurada com o passado que encontra. É o encontro dos dois que vai proporcionar este crescimento. Novamente o simples, mas que quando bem feito funciona, tanto pela objetividade do roteiro, quanto pela boa dinâmica entre a dupla de protagonistas.

Enquanto Reynolds entrega uma versão menos expansiva e mais dura, de seu tradicional falastrão de sempre, é Scobell quem chama atenção. O garoto constrói uma personalidade coerente com seu eu futuro, ao mesmo tempo que veracidade a um texto simples, mas que se acha mais inteligente que é. E finalmente, não se deixa eclipsar pelo elenco de veteranos que o cerca. 

E por falar no elenco, Jennifer Garner, Mark Rufallo, Zoe Saldaña e Catherine Kenner, completam a lista. Entregando atuações eficientes, atendendo ao que o roteiro simplista pede deles. A mãe enlutada, o pai preocupado, a esposa admirável, e a vilã sem escrúpulos, e nada muito além disso.

As sequencias de ação são bem conduzidas, e conseguem empolgar em muitos momentos. Assim, como a tecnologia futurista nos convence com facilidade, mesmo quando usada para atender à conveniências de roteiro. Provavelmente pela familiaridade dos designs que lembram coisas já vistas em outras produções do gênero.  O escorregão fica por conta do CGI de rejuvenescimento usado em uma das personagens, que não soa realista em nenhum momento. 

Já os conceitos de ficção científica, são bem apresentados, mas a maioria pouco discutidos. A não ser pela proibição de alterar a linha do tempo. Esta sim bastante repetida, e como em toda boa aventura deste tipo, nunca respeitada. Ainda há pinceladas, sobre linhas temporais, multiverso, à detenção de tecnologia por grandes corporações, salto temporais, entre outros temas menores.

O Projeto Adam, é um produção original Netflix, que aposta no simples e o faz bem feito. Não traz propostas nunca vista antes, ou grandes surpresas, mas entrega uma aventura divertida, coerente, e bem produzida, com um elenco carismático. Tem potencial de ser a introdução à ficção científica, e as viagem no tempo, de uma geração. Para os já iniciados, é um bom entretenimento. 

O Projeto Adam (The Adam Project)
2022 - EUA - 106min
Ficção científica, Ação, Aventura

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