Um grupo de pessoas de férias em um resort é levada para uma praia privada, misteriosa e paradisíaca. É claro, há algo de errado no paraíso, horas depois de chegarem o grupo percebe estar envelhecendo em ritmo acelerado. Enquanto anos passam em horas, eles precisam correr contra o tempo para sair da praia antes que os poucos anos que lhes restam terminem.
A efemeridade da vida, o tema principal de Tempo, já seria assunto de discussão suficiente para várias produções. As diferentes formas com que desperdiçamos nosso tempo de vida, como rotina, problemas pequenos, segredos, indecisões. Mas, Shyamalan ainda insere na equação a diferentes reações individuais de cada pessoa do grupo, e consequentemente seus dilemas. Estes, no entanto, não são tão naturais e coerentes quanto a proposta principal, e é aqui que a produção se perde um pouco.
Reações absurdas e escolhas sem sentido parecem guiar os personagens. Ora numa tentativa de aumentar o suspense, como o da mãe que reage exageradamente a algo que ela já tinha constatado, apenas para ressaltar artificialmente a surpresa para o público que está vendo pela primeira vez. Ora em facilitações do roteiro, como o grupo escolher deixar a pessoa visivelmente insana portando um canivete, apenas para que ele possa causar uma confusão e mover a trama mais para frente. Talvez estas péssimas escolhas e reações pudessem ser atribuídas aos efeitos da "praia mágica", mas a forma incoerente e conveniente com que são usadas indicam uma dependência do roteiro em tê-las como ferramenta.
Há também uma necessidade desnecessária estender o mistério sobre os efeitos da praia. Há uma demora exagerada na compressão dos fatos pelos personagens. O público entende muito antes o que está acontecendo, e fica esperando o filme resolver fazer a grande revelação. Exagero sem sentido, já que o interessante não é o que está acontecendo, mas como os personagens vão agir a partir dali.
Por outro lado, a proposta rica e o desconhecimento quanto aos rumos que a história vai tomar, mantém o espectador atento, mesmo diante das artificialidades mencionadas acima. Sim, somos pegos pela pura e simples curiosidade.
E por falar em revelações, Tempo também tem a sua, já que o diretor parece preso à obrigatoriedade do plot twist. O fim do mistério acerca do porquê o grupo fora levado àquela praia, elimina algumas discussões, inicia outras menos contundentes, e traz muitas falhas lógicas. Mas deve agradar aqueles que precisam de alguma explicação.
As atuações não trazem grandes destaques, e até pecam pelo exagero em alguns momentos, mas estão dentro do que o roteiro parece propor. O elenco conta com Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell, Alex Wolff, Thomasin McKenzie, Nikki Amuka-Bird, Eliza Scanlen, Ken Leung e Abbey Lee.
Tempo (Old)
2021 - EUA - 108min
Suspense, Terror
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