Premissa criativa, poucos episódios, excelente ritmo, estas foram as características mais marcantes e eficientes da primeira temporada de Noite Adentro. Agora, a série belga da Netflix, retorna mantendo estas características, mas mudando as circunstâncias. Abandonamos o movimento constante do avião que foge do sol, para o confinamento forçado em um bunker militar.
Se antes a série comprovava sua diversidade com uma variedade de etnias e idiomas. Agora a cacofonia é ampliada, pela presença dos militares de diferentes partes do mundo. Transformando o bunker em um projeto de torre de babel, com idiomas sendo trocados a cada frase (mesmo na versão dublada, convém ligar as legendas). O que tem função na narrativa acertada, ao isolar e confundir personagens, ampliando ainda mais a dificuldade de comunicação e os conflitos entre os dois grupos. Mas também pode confundir espectadores desatentos, e cansar aqueles que estão atentos às mudanças. Não chega a comprometer, mas é uma barreira a mais para alcançar um publico maior.
É verdade, alguns personagens novos, ganham destaque nos já tradicionais flashbacks que iniciam os episódios. Mas estes ainda não são o suficiente para que tenhamos um quadro geral dos habitantes do bunker, além dos personagens que estão presentes desde a temporada anterior.
Ainda sobre os flashbacks, e títulos dos episódios, focados em um personagem específico, estes nem sempre determinam que o citado, é o personagem de mais destaque no capítulo em questão. Assim como ocorrera nos episódios anteriores. A apresentação deles pode ser neste momento, mas apesar dos desafios episódicos, a história geral é contínua, e o desenvolvimento dos personagens também.
Entretanto, Noite Adentro nunca fora uma série sobre grandes personagens. É sobre tensão, desafios e ritmo, e nestes quesitos a série mantém o bom trabalho do primeiro ano. O que não significa que não hajam personagens com os quais nos apegar, ainda nos preocupamos com Sylvie (Pauline Etienne), Mathieu (Laurent Capelluto) e companhia. Ainda mais quando a série nos recorda de que não tem receio em elimina-los.
Entretanto, é nos desafios, e na forma como estas diferentes personalidade vão tentar solucioná-los que a série se concentra. Desafios estes que vão desde a simples luta pela sobrevivência, até combates entre indivíduos ou grupos. Especialmente o confronto entre os militares e os civis.
É o ritmo desenfreado de problemas se empilhando, que mantém o espectador alerta. Com apenas seis episódios, com pouco mais de meia hora, não à tempo para enrolação. O roteiro precisa correr com os acontecimento, refletindo a forma como os personagens lidam com o próprio tempo, eles só tem o período da noite para resolver tudo. O que não deixa a série livre de pequenos furos de roteiro aqui e ali.
E claro, a temporada termina com um gancho para o ainda não confirmado terceiro ano. Novamente levando nosso grupo inicial, à um novo status-quo, e trazendo novos personagens, desafios e intrigas. Ampliando seu restrito universo. A comparação com outras séries do sub-gênero apocalipse, especialmente The Walking Dead é inevitável. Mas, enquanto a série de zumbis leva várias temporadas para desenvolver seus conflitos, fazendo uso de vários fillers para esticar suas temporadas, Noite Adentro vai direto ao ponto, resolvendo o conflito todo em uma maratona de uma tarde. Alguns diriam, poderia até ser um filme.
Cada temporada de Noite Adentro tem 6 episódios, todos já disponíveis na Netflix.
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