Tome nota, apesar de ter segunda temporada confirmada, Cruel Summer tem o formato de minissérie. A resposta para o mistério que propõe, e consequentemente a recompensa para o espectador que acompanhou a trama ao longo de dez episódios, é entregue satisfatoriamente ao fim desta primeira temporada. Ou seja, nada de enrolação, ou grandes desvios para esticar a história ao máximo, como acontece em muitas séries estreladas por adolescentes como Riverdale. A produção que chegou ao Brasil pelo Prime Video, é acertadamente direta e objetiva.
É 1993, e Kate Wallis (Olivia Holt, de Manto e Adaga) a garota mais popular da escola desaparece sem deixar vestígios. Em 1994, a outrora tímida e nerd Jeanette Turner (Chiara Aurelia), tomou o lugar de abelha rainha da escola, quando Kate reaparece. Já em 1995, as duas estão no centro de um processo e uma polêmica que mobiliza o país.
É nesta passagem de tempo bem definida que está o diferencial de Cruel Summer. Acompanhamos três momentos distintos do mesmo mistério, de forma intercalada, fazendo paralelos entre três diferentes verões numa pequena cidade conservadora do Texas. Criando um verdadeiro quebra-cabeças narrativos, que mantém o público em constante dúvida. Quem está falando a verdade?
Dúvida essa que é reforçado pela alternância entre pontos de vista na narrativa. Em alguns episódios vemos o caso pelo ponto de vista de Jeanette, em outros acompanhamos Kate, e em alguns momentos a narrativa se divide entre as duas, criando mais paralelos entre seus cotidianos.
Um forte trabalho de coloração de cenas distingue para o espectador as diferentes épocas. Desde o vibrante inocente e ensolarado verão de 1993, passando pela sóbria perda da inocência no verão 1994, até o depressivo e sem cor frio período em 1995. Além é claro, das caracterizações das personagens, que expressam em seu visual o momento em que se situam na trama. Inclua aqui, algumas perucas feiras, mas nada que comprometa.
O elenco apesar de jovem, sustenta bem os dilemas e múltiplas camadas de seus personagens. Capacidade crucial para a trama, já que a ambiguidade e a dúvida, regem nossa jornada como público. Olivia Holt e Chiara Aurelia conseguem nos fazer alternar entre a confiança e a desconfiança, a cada nova faceta de suas personagens, sem tornar confusas as motivações por trás de suas ações. O elenco ainda conta com Froy Gutierrez, Harley Quinn Smith e Barrett Carnahan. Entre os adultos os maiores destaque são Blake Lee, Michael Landes, Andrea Anders, Ben Cain e Brooklyn Sudano.
Cruel Summer é uma série sobre obsessão. A obsessão de um homem, adulto por uma adolescente, de uma jovem pela vida da outra, dos pais para manter as aparências na sociedade, da sociedade e da mídia por uma manchete escandalosa. E como essas obsessões levadas ao extremo, podem arruinar das vidas dos envolvidos. Sem receio de ser densa e trazer com momentos pesados, ao ponto da série ter avisos de gatilho antes dos episódios, apesar de ter uma trama focada em adolescentes.
Cruel Summer tem dez episódios com cerca de uma hora cada, e já foi renovada para uma segunda temporada. Ainda não foi divulgado se trará de volta personagens do primeiro ano, ou abordará um novo caso a cada temporada.
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