Rua do Medo: 1994 - parte 1

"Preciso assistir os próximos filmes da franquia para compreender se gostei!" Esta é a primeira coisa que vem à mente ao final de Rua do Medo: 1944 - Parte 1. Isso porque a produção parece uma grande introdução para algo maior. Quase como o primeiro episódio de uma série, o que pode ser bastante complicado se tratando de um filme. 

A capital do assassinato, é assim que Shadyside é conhecida por causa dos homicídios que acontecem de tempos em tempos. Após mais uma dessas mortes brutais, um grupo de adolescentes começa a investigar a possibilidade destes eventos serem causados por algo além do desespero gerado pela rotina de uma cidadezinha sem futuro. É claro, a investigação os torna o próximo alvo. 

A trama de Rua do Medo: 1994 é bastante familiar, um grupo de adolescentes correndo pela vida ao longo de uma noite interminável, em uma cidade que parece desprovida da presença de adultos. É assumida e propositalmente a trama de um típico terror slasher dos anos de 90 e 80. Emulando as características e convenções das produções deste período. O que para nós, em 2021, pode soar repetitivo e datado à menos que a obra seja tratada, como referência e não seja levada tão a sério assim. 

E acredito que esta é a forma que o filme quer ser compreendido, uma ode a um estilo de outrora completamente ciente de suas limitações e clichês. O casal apaixonado, o nerd especialista, a amiga decidida, o amigo bobão... a produção faz o uso tradicional destes arquétipos e de uma familiar trama de perseguição, entregando um previsível, ainda que bem produzido terror de shopping center.

Mas então, porquê esta blogueira que vôs escreve afirmou no início deste texto que é preciso continuar a franquia para descobrir se gostamos ou não? Porque a produção faz parte de um projeto maior, baseado nos livros de R.L. Stine e comandada por Leigh Janiak. Uma trilogia a ser lançada com uma semana de diferença que promete referenciar o cinema de terror em suas diferentes épocas. Assim, a previsibilidade e as pontas soltas, tornam-se algo proposital.

É no contexto da história maior que a produção cresce, incluindo no previsível slasher, uma trama sobrenatural maior e muito promissora. Construindo um universo próprio, que inclui diversos casos em diferentes épocas, e dando maior importância para o cenário em que a história se passa. Shadyside trem um mistério, e até uma rival, a mais promissora cidade de Sunnyville. É essa construção de mundo, e a promessa de um arco maior que cativa o espectador.

Embora eu geralmente afirme que um filme deva funcionar sozinho, sempre há exceções. A franquia Rua do Medo é uma dessas, já que fora pensada e produzida como um evento em três partes, ao invés de meramente dividida para arrancar mais dinheiro do público. 

De volta à primeira parte e sua trama particular, a jornada é previsível, mas eficiente. A ameaça é crescente, e as escolhas dos personagens coerentes com a a proposta e seus arquétipos. O elenco jovem formado por Kiana Madeira, Olivia Scott Welch, Benjamin Flores Jr., Julia Rehwald e Fred Hechinger, entregam o que a trama pede, e a maioria é carismática o suficiente para nos importamos minimamente com eles. A surpresa fica por conta da participação relâmpago de Maya Hawke, em uma clara referência à primeira sequencia de Pânico

E por falar em referências, a produção não se priva em fazê-las, o que deve agradar bastante os fãs do subgênero. Embora modere bastante nos momentos mais sanguinolentos, e faça menos uso do jump scare do que o esperado para uma produção dessas.

Rua do Medo: 1994 - parte 1 é um terror previsível, simples e divertido. Sozinho funciona para quem procura duas horas de diversão. Talvez cresça quando somado ao projeto como um todo, mas isso descobriremos nas próximas semanas. 

Rua do Medo: 1994 - parte 1 (Fear Street: 1994)
2021 - EUA - 105min
Terror

Leia a crítica de Rua do Medo: 1978 - Parte 2

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