Uma partida de futebol entre Brasil e Croácia é interrompida por viajantes do futuro, que querem aproveitar a transmissão mundial para fazer um apelo: precisam de tropas para lutar contra alienígenas que praticamente dizimaram a humanidade em 2051. A partir daí, acompanhamos o professor de ensino médio Dan Forester (Pratt), que é recrutado para lutar no futuro e se torna peça chave na tarefa de salvar o mundo.
Apesar de trazer conceitos que não fazem parte de nossa realidade, como alienígenas e viagem no tempo, a ficção precisa sim ter certo nível de verossimilhança com o mundo em que vivemos, para que possamos acreditar no irreal e nos engajar na história. É nessa tarefa simples, que A Guerra do Amanhã falha consideravelmente, desde sua proposta inicial. Levar pessoas do passado para serem dizimados em uma guerra no futuro, soa apenas como uma aceleração do processo de extinção da humanidade. Até no uso precário dos conceitos de viagem no tempo, simplórios, convenientes e suscetíveis à falhas.
Também difícil apostar nos dramas, já que são pouco aprofundados, clichês e apresentados com frases de efeito e diálogos que caem no lugar comum. Já os personagens, á exceção do protagonista, todos são tratados como meros recursos para o roteiro, que os descarta e traz de volta, quando necessário sem grandes explicações. O que acontece principalmente com os personagens de Sam Richardson e Edwin Hodge, os arquétipos do amigo despreparado/alívio cômico e do veterano de guerra endurecido pela batalha. Este último com bastante potencial para algo mais, mas usado apenas para preencher um requisito.
Mas calma, nem tudo está perdido em A Guerra do Amanhã. As cenas de ação são grandiosas e bem orquestradas, que vão apresentando um crescente na periculosidade e tensão. À exceção, talvez, da última batalha, já no presente, que além de menor é desnecessária considerando outras soluções que o roteiro tinha em mãos.
De volta as cenas de ação, a experiência do diretor Chris McKay (Lego Batman: O filme), em animação se faz presente, no equilíbrio com que ele orquestra as cenas com monstros e cenários em CGI. Monstros aliais bastante eficientes no trabalho de se mostrar um inimigo invencível, com seu design que traz ameaças múltiplas - ferrão, garras e mandíbula - e a coragem e eficiência de ser mostrado, às claras. Mostrar as criaturas parcialmente, ou em sequencias escuras, é a escolha mais segura que a maioria dos filmes do tipo adota. Mas aqui a escolha pelas cenas diurnas, e por mostrar os aliens em sua totalidade é acertada e eficiente. São as cenas de ação os pontos altos da produção.
Chris Pratt traz seu carisma para a produção, e faz o melhor que pode com o herói engessado, e cheio de falas de efeito que o roteiro oferece. Sua veia cômica é desperdiçado, mas o lado heroico funciona bem. Yvonne Strahovski e J.K. Simmons são eficientes na tarefa de apresentar o dilema de sua personagem. Enquanto o comediante Sam Richardson consegue conquistar a audiência mesmo com o pouco tempo de tela.
A Guerra do Amanhã tem uma premissa maluca, mas que poderia render bastante, caso o roteiro soubesse usar a ficção científica a seu favor, e não apenas como mero recurso para as cenas de ação. Ao menos essas são eficientes, e devem empolgar aqueles que buscam tiroteios e explosões à exaustão. A produção entra na lista de premissas com potencial, mas que por escolhas ruins, se tornaram genéricas e facilmente esquecíveis.
A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War)
2021 - EUA - 140min
Ação, Ficção-científica
Amazon Original: A Guerra do Amanhã
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