Estella (Emma Stone) uma criança criativa e incompreendida, e por isso rebelde, perde a mãe ainda na infância e passa a viver de pequenos golpes ao lado de Jasper (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser). Já na idade adulta, tem a oportunidade de trabalhar para o ícone da moda, a Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), e finalmente explorar seu talento nato para a moda. Entretanto, logo a jovem descobre uma sombria conexão com a estilista, que desencadeia uma guerra fashionista que aflora o lado mais cruel de Estella.
Cruel + Estella = Cruella. Isso mesmo, é simples assim! A produção aborda a descida da protagonista ao lado sombrio. Incluindo alguns bons momentos de embate entre suas duas personalidades. Ainda que saibamos qual dos lados vai prevalecer desde o título.
Assim como em Malévola, voltamos à infância da vilã assassina de cãezinhos para humanizá-la e quem sabe justificar seus atos maldosos. Mas enquanto o longa estrelado por Angelina Jolie, reescreve toda a história da Bela Adormecida, para se encaixar nessa personalidade mais complexa de sua vilã. Cruella, apenas oferece uma nova origem para a personagem, criando uma Cruella que não parece ser a mesma que um dia resolverá ser boa ideia matar 99 filhotinhos para fazer um casaco.
A dupla aliás é um dos maiores pontos quebra de nossa crença. Aqui apresentados como amigos de longa data, com status de família e certa consciência de certo, errado e limites. Nos fazendo perguntar, como no futuro se resumirão a meros capangas contratados que topam qualquer trabalho por dinheiro? Difícil imaginar, mesmo após a transformação da protagonista em vilã. Ao menos esta versão da dupla ganha mais destaque e profundidade, das quais seus intérpretes fazem bom uso.
E por falar em intérpretes, Mark Strong está presente como mero acessório a ser usado em um momento específico. Enquanto Emma Stone brilha criando uma Cruella própria, que dispensa comparações com a versão de Gleen Close. Transitando bem entre as versões má e boa da personagem, e deixando a maléfica se impor de forma gradual e consistente. Igualmente eficiente Emma Thompson, cria uma vilã sem escrúpulos igualmente divertida e detestável. Além de construir uma relação excelente que, somada ao universo da mora em que a trama se passa, lembra bastante O Diabo Veste Prada.
E já que estamos falando de moda, a produção abraça a época em que a trama se passa, a década de 1970, e aproveita a explosão do punk rock, para dar personalidade tanto aos figurinos quanto ao espetáculo da moda como um todo. A sequencia de embates públicos entre Cruella e a Baronesa, é criativa e cheia de estilo. Para muitos destes "duelos", a produção abraça outra vertente curiosa, a dos "filmes de assalto", ou no caso aqui, de grandes golpes, com direito aos panos mirabolantes, montagem dinâmica.
Quem tenta ser estilosa e não consegue é a trilha sonora, que traz excelentes músicas conhecidas, mas que não se encaixam nas sequencias que adornam. O resultado é exagerado, cansativo, e volta e meia nos tira da narrativa, fazendo com que questionemos, o porquê daquela música estar tocando em determinado momento.
Apesar de uma falha ou outra, a produção tem mais acertos do que erros e deve agradar a maioria. Particularmente, esta blogueira que vôs escreve, teria gostado mais se o filme conseguisse se desassociar das versões antecessoras de Cruella, ou mesmo contasse a história de uma personagem inédita. Uma nova vilã da moda, porque não?
Cruella
2021 - EUA - 134min
Drama, Comédia, Crime
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