Lupin - parte 2

Ainda não descobrimos o motivo, mas para algumas séries a Netflix resolveu reclassificar seus formatos. Liberando como partes distintas o que parecem ser meias temporadas. Então, se é assim que a plataforma escolheu, é assim que começarei a me referir à Lupin, cuja segunda parte (que eu normalmente chamaria de metade da primeira temporada) acaba de chegar na plataforma. Segue aquela análise fresquinha da parte dois da série do Ladrão de Casaca moderno. 

Em um enervante clímax, foi assim que deixamos Assane Diop (Omar Sy) na ultima vez que o vimos, com seu filho sequestrado, e o herói sem pistas. Retornamos exatamente neste momento, para observar como essa abordagem de seus inimigos vai interferir nos planos de vingança (ou seria justiça) do protagonista.

O retorno é em alta, com dois episódios tensos e dinâmicos, sobre as consequências do desaparecimento de Raoul (Etan Simon). Trazendo um envolvimento mais coerente da polícia, e principalmente criando uma relação ente Assane e o detetive Guedira (Soufiane Guerrab). Tornando-o seu contrapondo neste jogo de gato e rato, um Ganimard para o Lupin moderno. 


Entretanto, os episódios seguintes colocam os pés no freio, e escolhem caminhos mais embolados que engenhosos para seguir com a história. São o próprio Guedira e Juliete Pellegrine (Clotilde Hesme) quem mais pagam por isso. Enquanto o detetive retorna passivo e conformado para sua mesa, após seu grande feito, a filha do antagonista se transforma uma personagem ingênua e sem o mínimo conhecimento do contexto em que vive, total oposto do que havia sido apresentado até então. O roteiro escolhe reposicionar a personagem para que ela atenda às necessidades do plano do protagonista, ao invés de ajustar o plano à realidade que criou. 

Ainda sim, o plano é engenhoso, e bem executado. Embora o recurso de ir e voltar no tempo para, primeiro mostrar o resultado, e depois a execução comece a ficar repetitivo, nesta segunda parte. O desfecho também é menos apoteótico do que devia ser, provavelmente em prol de manter o status quo, e garantir temporadas futuras. Assane consegue justiça, mas não redenção e termina ainda como o fora da lei que começou. 


Pequenos tropeços facilmente relevados, pelo carisma do protagonista, e pelo envolvimento que construímos com a trama. Mérito da primeira parte da série, que apresentou muito bem seus personagens e contexto. E principalmente, mérito de Omar Sy, que carrega a série com facilidade, nos fazendo crer que Diop é capaz de tudo, mesmo quando seus disfarces não são tão bons assim. Vale mencionar aqui também as locações, que continuam espetaculares, ao explorar o potencial de Paris em prol da narrativa. 

A segunda parte de Lupin, tem suas falhas. Se enrola mais do que precisava, e não entrega um final tão satisfatório quanto poderia, apenas para garantir a possibilidade de novos episódios. Ainda sim é um bom entretenimento, divertido e bem produzido. Embora eu esteja inclinada a admitir, que talvez a série pudesse ser encerrada por aqui. Trazendo um desfecho mais contundente, mesmo que definitivo para nosso Ladrão de Casaca moderno e sua história de vingança.


Não se engane, quando Lupin voltar para sua terceira parte, eu vou acompanhar suas novas aventuras com avidez. Torcendo para que os roteiristas nos surpreendam, e consigam ao menos construir algo tão envolvente quanto este arco tão pessoal para o protagonista. A produção caprichada e o carisma de Sy garantiram essa fidelidade

Lupin tem um total de 10 episódios com cerca de uma hora cada, divididos em duas partes, todos já disponíveis na Netflix

Leia a crítica da primeira parte de Lupin

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