Awake

 Em um mundo pós apocalíptico mergulhado no caos, um grupo precisa sobreviver na estrada rumo à um objetivo que significa salvação de todos. Seja encontrar ou proteger alguém, alguma coisa, ou mesmo chegar a um determinado lugar. Esta é uma sinopse genérica que se encaixaria em uma centena de filmes e séries existentes. São as circunstâncias, os personagens, e a forma como essa mesma história é contada, os aspectos que realmente os diferenciam. Awake, tem a circunstância, os personagens, mas não descobriu a melhor forma de contar sua jornada. 

Um evento misterioso desligou todos os aparelhos eletrônicos, ao mesmo tempo com que fez todas as pessoas se tornarem incapazes de dormir. Com a mente alterada pela falta de sono, logo o caos se implanta, tornando ainda mais complicada a vida de nossa protagonista. A ex-soldada, com problemas para se ajustar na vida, Jill (Gina Rodriguez), precisa não apenas garantir suaa sobrevivência, mas também a de seus dois filhos, principalmente a caçula. Matilda (Ariana Greenblat) é a única que é capaz de dormir, e pode ser a resposta para a sobrevivência da humanidade. 

À partir daqui, os caminhos e temas que o filme pode escolher seguir são muitos. Desde o simples longa de sobrevivência num ambiente hostil, passando pelo drama de uma família conturbada forçada a ficar junta, a perseguição de pessoas insanas que veem na garota o caminho divino para salvação, da busca pela cura, os perigos de ser cobaia desta cura. Awake escolhe fazer um pouco de tudo!


Para tal, o formato principal é de um road movie episódico, que traz complicações isoladas que pouco agregam à história como um todo. Cada dificuldade parece incluída apenas para aumentar o caminho (e consequentemente a duração do filme) até o desfecho, sem grandes consequências ou desenvolvimentos. Nem mesmo as informações sobre o evento misterioso e sua possível solução são desenvolvidas ao longo da jornada, sob o pretexto de que pouco se sabe, e todos estão confusos pela falta de sono. 

Assim, assistimos Jill, buscar transporte, encarar agressores, encontrar aliados, se desentender com o filho adolescente, tentar ensinar sobrevivência para a filha, em ações rasas e  isoladas, que são descartadas tão facilmente quanto são apresentadas. Ainda que interessantes pontualmente, esses momentos não trabalham juntos para a construção de perigo e urgência crescentes. De fato, ao invés de progredir gradualmente, e consequentemente criar tensão, o caos se instala de uma hora para outra, logo na primeira noite insone. 


Já o clímax perde o tom, se tornando exagerado e inverossímil, destoando do que fora apresentado até então. Dá invasão de uma base militar sem dificuldades, aos efeitos que emulam a confusão da falta de sono, tudo soa óbvio e caricato demais, abusando da suspensão de descrença do público. 

Entre os acertos, estão algumas boas cenas de ação, filmadas de dentro do carro. Referências claras à Filhos da Esperança, as sequencias conseguem criar tensão e medo com eficiências, e são muito bem produzidas. Enquanto Gina Rodriguez e Ariana Greenblat, tem carisma suficiente para gerar empatia, mesmo nos momentos menos críveis. As veteranas Jennifer Jason Leigh e Frances Fisher, no entanto,  soam apagadas e mal aproveitadas em seu pouco tempo de tela.


Awake  não é um total desperdício de tempo. Tem uma premissa interessante, a privação de sono, e personagens com quem conseguimos nos relacionar. E mesmo episódica consegue atender quem busca entretenimento rápido por um par de horas. Entretanto, além do final exagerado, é difícil ignorar as possibilidades que o filme desperdiçou. Poderia se destacar, mas ficou apenas no lugar comum, ao qual pertencem centenas de filmes que encaixam na sinopse que mencionei no início deste texto. 

Awake
2021 - EUA - 96min
Ficção cientifica, Suspense, Drama


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