Lupin - 1ª temporada (parte 1)

Por motivos que a razão desconhece, a Netflix volta e meia divide em duas partes as temporadas de suas séries. Lupin foi vítima desta prática, e como, apesar de confirmada e filmada, ainda não há previsão para a chegada da segunda metade, hora de falar um pouco da primeira parte enquanto ainda está fresca na memória. 

Vinte cinco anos atrás, Assane Diop teve sua vida destruída quando seu pai cometeu suicídio após ser condenado por um crime que não cometeu. Agora adulto, ele usa suas habilidades incomuns inspiradas pelo famoso ladrão da literatura francesa Arsène Lupin, para vingar seu pai. 

Diop é um gênio do crime, assim como sua inspiração dos livros. Está sempre um passo à frente dos outros, inclusive do público. Mas segue a formula clássica de séries de crimes e detetives, o que após alguns episódios pode eliminar o fator surpresa para alguns expectadores. 

A previsibilidade, entretanto não compromete, uma vez que os planos e a forma com que estes são apresentados é eficiente e inteligente.  Flashbacks da infância de Assane, complementam tanto as motivações dos personagens, como os detalhes dos planos, e o mistério do crime pelo qual o pai do personagem fora criado. Criando um rico paralelo entre passado e presente.


O escorregão fica por conta de algumas ações da polícia. Além de não perceber alguns indícios óbvios, nunca cria um antagonismo à altura do protagonista, ao menos nestes cinco primeiros episódios lançados até aqui. Felizmente os desafios, e o vilão perseguido por Diop criam as intrigas necessárias para dar força a estes primeiros capítulos. 

Entretanto, o que de fato mantém  o interesse do público é o carisma de Omar Sy, que se sai muito bem na tarefa de criar vários personagens em um. Nada de cartolas, monóculos, perucas e bigodes, isto não seria crível no universo criado para a série. Por isso, na maioria das vezes, os disfarces de Assane dependem mais da postura e trejeitos do ator, do que de adereços. 



Outro fator que ajuda nos seus disfarces, é o fato do protagonista ser negro e imigrante, o que lhe permite usar o próprio preconceito da sociedade contra ela. Não é difícil para o personagem se tornar invisível ou adotar caricaturas, facilmente aceitas por esta sociedade racista. Como bônus, a série ainda encontra uma forma eficiente e coerente de fazer sua nada sutil crítica social. 

A produção caprichada impressiona especialmente pelas locações. Sim, eles filmaram no Louvre de verdade! A montagem que atende às necessidades distintas de cada episódio, sem perder o dinamismo, também merece um olhar mais atento. 

Com referências literárias leves, que funcionam mesmo para quem não sabe nada sobre o famoso Ladrão de Casaca de Maurice Leblanc, a primeira parte da temporada de estreia de Lupin é eficiente em sua tarefa principal. Apresentar Assane Diop, suas motivações, inimigos e desafios, e mais importante, nos fazer ter empatia com sua luta. Sejam quais forem os próximos desafios desta versão moderna de Arsene Lupin, estamos prontos para encarar junto com ele. 


A segunda metade da primeira temporada de Lupin já está filmada, e tem previsão para estrear ainda em 2021. Atualmente os cinco primeiros episódios com cerca de uma hora cada, estão disponíveis na Netflix.

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