The Crown - 4ª temporada

Estabelecendo um elenco novo, e um novo período no reinado de Elizabeth, a terceira temporada de The Crown da Netflix, soou mais como uma grande preparação para o que estava por vir. E de fato era, com todas as peças no tabuleiro o quarto ano da série recupera o interesse das primeiras temporadas.


Há duas peças centrais que movimentam a trama nesta temporada, Margareth Thatcher (Gillian Anderson) e Diana Spencer (Emma Corrin). A relação de ambas com a família real é apresentada em paralelo, desde sua inclusão no circulo real, até as turbulentas "despedidas". 

Jornadas diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes. Thatcher, primeira mulher a ocupar o cargo de primeira ministra tem de se provar competente para o trabalho. E não encontra nenhuma vantagem no fato de ter o mesmo gênero e pertencer à mesma geração da rainha. As duas não poderiam ter visões de mundo mais diferentes. Já Diana, é logo aprovada por toda a família. O que não significa que sua jornada será fácil ao lado do príncipe herdeiro, que além de amar outra, é mimado e se recente do carisma da esposa.  


Ambas as intérpretes assumem com perfeição postura e gestos das personagens reais retratadas. Embora Anderson exagere no ritmo arrastado e na fala difícil que conferiu à sua Thatcher, tornando enfadonho assisti-la. Uma escolha provavelmente proposital, que ajuda a despertar antipatia por sua figura, mas é extremamente cansativa em muitos momentos. 

Já a atuação doce e livre de Corrin completa, a interpretação curvada acuada e contida que Josh O'Connor começou a dar a Charles no ano anterior. O casal é completamente oposto, e por isso seu conflito é facilmente compreensível. A moça consegue também passar com clareza a transformação gradual de garota tímida para a Ladi Di que se tornou um ícone, com todas as conturbações permearam seu crescimento.


Para além de Diana e Thatcher, a série mantém seu formato episódico, que permite trazer pequenas histórias à parte. Como o incidente de invasão no palácio, e a jornada de descoberta de Margareth. Incidentes do período, que vai do final dos anos 1970 ao fim dos anos 80, como o conflito das Ilhas Maldivas, e o Apartheid na África do Sul também são brevemente retratados. 

Direção de arte, caracterização e figurinos, completam o pacote ao recriar a época e momentos específicos. Além de contar bastante sobre os personagens e o mundo em que vivem, do rato no palácio que demonstra a vida defasada da corte, à mudança de figurinos de Diana conforme a moça amadurece e encontra sua voz. 


Em sua segunda incursão nos personagens, o restante do elenco mantém o bom trabalho de personificação. Condizente com o que foi mostrado até aqui, e ainda com capacidade de evoluir. Evolução que o roteiro faz de forma sutil, como a desilusão com vida da princesa Anne, ou na postura um pouco mais descontraída da rainha em momentos particulares. A dinâmica da família em reuniões como as do episódio The Balmoral Test, é um novo, curioso e bem vindo ponto de vista.

A quarta temporada de The Crown entrega tudo o que o terceiro ano tanto preparou e prometeu. Dinâmica, cheia de nuances, a série mostra que sabe evoluir bem entre as épocas, abordar personagens novos e novas realidades. Que venha o quinto ano, e torçamos para que o elenco do novo salto temporal continue o bom trabalho. 


The Crown tem quatro temporadas, com 10 episódios cada, todos disponíveis na Netflix. Leia as críticas do primeiro, segundo e terceiro anos da série.

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