La Révolution - 1ª temporada


 Não pense que você vai aprender história assistindo à La Révolution da série francesa da Netflix. Ao menos não diretamente. A obra re-imagina (ênfase na imaginação aqui) a Revolução Francesa de uma forma bastante inusitada. 

É 1787, enquanto a nobreza vive no luxo e só visa manter seus privilégios, o povo morre de fome. Em um condado no interior do país, jovens moças começam a desaparecer e o assassinato brutal de uma delas faz com que o jovem médico Joseph Guillotin (Amir El Kacem) comece a investigar o mistério. Do lado rico do povoado, o desaparecimento do conde responsável pela região coloca sua filha Elise de Montargis (Marilou Aussilloux) em outra investigação. 

Acertou quem imaginou que o mistério que nossos dois protagonistas investigam é o mesmo, e que sus investigações vão se cruzar várias vezes antes de se unirem na mesma luta. Este mistério envolve uma epidemia que faz om que a nobreza consuma literalmente os pobres. É aqui que você talvez aprenda um pouco de história. Não pelos fatos em si, mas pelas nada sutis metáforas que eles carregam. 

A maior delas, a da exploração dos mais pobres pelos mais ricos. Representada pelo sangue azul contaminado dos nobres canibais que tem sua eternidade garantida ao consumir os mais pobres. Exatamente a distinção de classes vigente na época e que foi um dos motivadores da Revolução Francesa. 


Além do sangue azul, outros símbolos históricos ganham novas origens e significados. Como o bastante piegas surgimento da bandeira francesa, e a fraternidade presente no lema da revolução. Vale apontar, aqui é tudo ficção! Assim como os anacronismos que colocam as técnicas cientificas de Joseph séculos a frente de seu desenvolvimento real. E claro, o canibalismo literal da nobreza. Não, eles não tinham sague azul e nem comiam pobres. 

De volta à série, ainda há espaço para romances e intrigas que ajudam a motivar e complicar a vida dos protagonistas. O romance proibido, o interesse amoroso com segundas intenções, intrigas familiares e políticas, entre outros desafios. Tudo apresentado com atuações razoáveis, e um tom mais novelesco do que costumamos ver em séries. Este nem sempre combina com o gênero e estilo da produção. 


E por falar em estilo. Direção de arte e fotografia são os fatores surpreendentes em  La Révolution. Juntos expressão bem tanto a miséria e condições insalubres do povo, quando a pompa e circunstância dos nobres. Além de apostar sem medo no gore em alguns momentos. 

Já o gênero é mais complicado definir. Trata-se de uma mistura de fantasia histórica (chamar de ficção histórica seria pouco), terror gore, com um de ficção-cientifica e drama. Uma mistura curiosa que conquista o espectador, mais pela estranheza que pelo mistério de seu previsível roteiro. No geral, é possível adivinhar o caminho a trama pretende seguir, a única incógnita é como classificar as criaturas infectadas. Zumbis, canibais, um tipo de vampiro, algo novo? Não sei dizer.


A premissa de La Révolution é no mínimo estranha, e por isso interessante. A série aposta em metáforas obvias e reinvenções divertidas para quem estiver disposto a encarar a loucura. E acerta principalmente na reconstrução de época, fotografia e efeitos "sanguinolentos".

A primeira temporada é apenas o início da revolução. A intenção de um segundo ano é clara, e não faltam oportunidades para novas metáforas e imaginações para esta que está entre as mais curiosas produções da Netflix

La Révolution tem 8 episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no serviço de streaming. 

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