Emily em Paris - 1ª temporada


É possível que Emily em Paris nunca faça sucesso na França. De fato, a nova série da Netflix não é nada lisonjeira com os franceses. Entretanto,  preconceituoso o estereótipo  francês, é provavelmente o aspecto mais pesado, desta produção positiva e divertida. 

Emily (Lily Collins) conseguiu o emprego dos sonhos. Foi escolhida pela empresa de marketing em que trabalha para fornecer uma visão americana para sua nova filial em Paris, França. Mesmo precisando se distanciar do namorado, sem conhecer ninguém na cidade e sem conhecer o idioma. É claro, que a moça encontra obstáculos, e cria novos relacionamentos em sua nova vida.

Não sabemos quase nada da vida da protagonista pré-Paris, mas isso não impede que embarquemos com ela nesta nova vida. Em parte pelo carisma que Collins imprime na personagem e pela narrativa dinâmica e bem fluida. Mas principalmente pelo desejo que todos temos de morar em um lugar incrível e ter um trabalho que ama. Como uma das seguidoras da personagem do Instagram revela, "estamos vivendo através de Emily"

Já que criar a empatia foi fácil, a maior tarefa é encontrar uma jornada para ela, com desafios e conflitos à altura do engajamento com a personagem. A opção da produção, é atualizar os clichês de comédia românticas que adoramos consumir. Além de emular produções que prezam certo estilo de vida, e autoconhecimento. As inspirações passam por O Diabo Veste Prada, De Repente 30, e mais assumidamente, Sex and the City, com quem compartilha o criador, Darren Star. 


O namorado controlador, o interesse amoroso comprometido com uma amiga, a chefe difícil, os colegas de trabalho implicantes, a melhor amiga maluquinha. Os estereótipos estão lá, mas a forma de lidar com eles é mais condizente com o momento atual. Assim, o namorado controlador é descartado. O triângulo amoroso foca no dilema interno da protagonista, ao invés de colocar as moças em lados opostos de uma disputa. A chefe difícil precisa ouvir de vez em quando. E a melhor amiga maluquinha, tem sim lógica, traumas e propósito sob seu comportamento incomum.

As atualizações também alcançam os temas discutidos em cena, em especial o feminismo e elitismo. Considerando que o trabalho da protagonista é atualizar a visão da agência, ultrapassada, "exclusiva" e um tanto machista. Discussão sobre sexíssimo, inclusão de consumidores de diferentes classes econômicas são pincelados entre os desafios encarados pela moça.

Pelas inspirações mencionadas alguns parágrafos atrás, não é de se admirar que os figurinos sejam outra atração do longa, deslumbrantes. Assim como as locações em Paris, filmadas de forma a exaltar o amor da protagonista pela cidade luz. 


É nos estereótipos franceses que a série mais erra. São rudes por um capricho do roteiro, é um atalho para aumentar os desafios de Emily. Mas tem seu peculiar comportamento justificado como "estilo de vida", criando uma caricatura constante do francês arrogante e xenófobo, quebrado apenas por Camille (Camille Razat), a concorrente amorosa. Mesmo a simpática melhor amiga Mindy (Ashley Park), é estrangeira como a protagonista. 

Emily por sua vez tem a típica arrogância americana amenizada. É real a reclamação dos franceses de que a moça não se esforçou para aprender o idioma, e espera que todos na França falem em inglês com ela. O problema? Eles falam! Ela pouco aprende. Mas não é um grade problema de fato, é o esperado de uma produção americana do gênero.

 

Emily em Paris entrega direitinho o que promete, uma comédia romântica, sobre estilo de vida, para entreter e deixar um sorrisinho no rosto. Com um novo desafio a cada episódio, que a protagonista supera com bastante humor e criatividade. Dinâmica, atual, carismática, divertida, a série deve agradar todos que procuram entretenimento leve e simples. A não ser que você seja francês!

Emily em Paris tem dez episódios com cerca de meia hora cada. Todos estão disponíveis na Netflix

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