Tales from the Loop

De Twin Peaks à Riverdale, cultura pop não faltam séries que abordam acontecimentos estranhos em cidadezinhas, nos mais diversos estilos e com diferentes explicações (ou mesmo a ausência delas) para tais fenômenos. Tales from the Loop da Amazon Prime Video, tenta construir sua própria identidade na premissa.


A cidadezinha estadunidense de Mercer abriga em seu subsolo, um artefato ou fenômeno misterioso conhecido por Loop, e claros uma instalação dedicada à estudá-lo. Graças à eles, seus moradores vivenciam experiências inexplicáveis e com consequências curiosas e quase sempre infelizes.

A imprevisibilidade da série começa pelo roteiro que fica no meio do caminho entre uma série de antologias, e a tradicional história desenvolvida ao longo da temporada. Os episódios trazem histórias isoladas, que se resolvem em seus próprios capítulos, como em uma antologia. Por outro lado, o fato de se passarem uma cidade pequena, e estarem relacionadas ao mesmo fenômeno, faz com que as tramas se conectem, compartilhem personagens, e influenciem umas as outras. Infelizmente, essa interessante conexão não parece ter função alguma ao longo da primeira temporada, fazendo com que a jornada soe sem propósito. Problema que pode ser contornado caso mais temporadas sejam produzidas.


Outro fator criado para gerar estranheza, é o tom mais lento e contemplativo da narrativa. Bem diferente do frenesi das séries atuais, a calmaria faz evidencia tanto à época em que se passa, quanto ao lugar incomum em que se passa. Mercer pode até ser uma cidadezinha aparentemente comum do interior dos EUA, mas vida é diferente, o ritmo é outro.

E já falamos da época em que se passa a história, trata-se de uma segunda metade do século XX, entre os anos de 1960 e 1980, cheia de anacronismos e tecnologias impossíveis. É na criação desde universo futurista retrô, que a série se sai melhor. As máquinas inexplicáveis, e que ainda não existem, parecem artefatos criados com a tecnologia dos anos 60, 70 e 80. Além de aparentarem realismo, mesmo quando feitas completamente em computação gráfica. O acerto não é surpresa, a série foi inspirada nos trabalhos do artista sueco Simon Stålenhag, especializado em paisagens retro-futuristas em ambientes nostálgicos e rurais.

Jonathan Pryce, Rebecca Hall e Paul Schneider são os nomes mais conhecidos, de um elenco que atende bem ao que a história pede, mas não traz grandes destaques. Embora os finais trágicos trouxessem possibilidade para tal, aqui os problemas irremediáveis são tratados como desfechos agridoces. Fazendo com que questionemos a apatia com que são encarados pela população. É sério que tanta coisa acontece nessa cidade e ninguém faz nada? Novamente, talvez temporadas futuras explorem isso.

Contemplativa, e cheia de boa ficção-cientifica,  desfechos devastadores, Tales from the Loop, poderia ser um fenômeno como Black Mirror. Mas acaba se tornando um programa que pede por mais episódios, ao explorar pouco as origens e consequências dos fenômenos incomuns. Não que a série precise explicar tudo, os questionamentos fazem parte da experiência. Entretanto, o programa deve ao menos construir uma sensação de propósito para seus incomuns contos do Loop.

Tales from the Loop  tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Amazon Prime Video

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