
Na década de 1980, Stephan (Fionn Whitehead) está produzindo seu primeiro jogo, baseado em um livro no qual a história muda de acordo com as escolhas que o leitor faz pelos personagens. Enquanto isso, você tem alguns segundos para escolhe o que o jovem deve ou não fazer, em momentos específicos.
E isso é tudo que se pode adiantar do filme sem estragar a experiência, já que a produção é exatamente isso: um experimento. Enquanto a Netflix testa a tecnologia que permite o "você Decide" do século XXI - que aliás funciona muito bem apesar de não estar disponível em todos os dispositivos - nós brincamos de deus com a vida do protagonista. Isto é até certo ponto.
É logo na terceira escolha que a maioria dos espectadores começa a perceber que nosso poder, não é tão ilimitado assim. Finais abruptos, escolhas que não fazem diferença e becos sem saída te levam inevitavelmente para a "opção certa", se você quiser que a história continue por mais tempo. Admito, sabíamos que a brincadeira de escolhas não poderia continuar eternamente, e que haveriam trajetos definidos, mas a percepção desta limitação e o fato desta parecer tão curta, pode frustar alguns, ou ...


Repare que quando o jogo de Stephan está sendo testado, o jogador encontra um beco sem saída e o rapaz alega, "ainda não programei essa parte". Imagina se a plataforma apenas "ainda não programou" os trechos que levam à becos sem saída, e daqui há algum tempo decide disponibilizá-los. Inevitavelmente seríamos arrastados de volta á narrativa, presos à esta nova tecnologia de contar histórias. Isso é muito Black Mirror! FIM DO TRECHO COM SPOILERS
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Sugar Puffs ou Sucrílhos, escolhas cruciais da vida! |
Como um todo, a narrativa é bem simples. Um jovem sente a pressão de seu primeiro "trabalho de verdade". Já às reviravoltas esbarram no exagero em alguns momentos, mas estes funcionam já que atendem tanto a narrativa, quanto a construção deste mundo em que o protagonista vive, no qual tudo supostamente pode acontecer dependendo de quem esteja no comando. Nós vivenciamos a urgência das escolhas na vida do jovem através da limitação de tempo com que precisamos fazer nossas próprias escolhas. São apenas dez segundos para selecionar uma das opções.
O elenco atende às necessidades da produção. Além de Whitehead que você deve conhecer de Dunkirk, Will Poulter, Asim Chaudhry, Alice Lowe e Craig Parkinson são aqueles que mais tem tempo de tela.

Sendo assim, enquanto não me confirmarem que estou na Matrix e que o livre arbítrio não existe, escolho acreditar que, embora não seja o melhor episódio da antologia, Black Mirror: Bandersnatch é uma experiência curiosa, eficiente e bem sucedida. E você escolhe o que?
Black Mirror: Bandersnatch
2018 - EUA
Ficção-científica
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