Resgate

Os melhores filmes de ação geralmente são aqueles que conseguem equilibrar um "quebra-pau" desenfreado, com uma história coerente e personagens pelos quais somos capazes de torcer. Resgate da Netflix acerta em cheio em um destes quesitos, mas não traz o mesmo brilho nos demais aspectos. Mesmo assim, deve agradar boa parte dos fãs do gênero.

O mercenário Tyler Rake (Chris Hemsworth), aceita uma nova missão: resgatar Ovi (Rudhraksh Jaiswal), filho de um chefão do crime, sequestrado por outro chefão do crime. É claro, o que devia ser mais um trabalho, acaba se tornando a mais arriscada missão de extração.

Sim, você já viu dezenas de produções semelhantes. Apesar de pouco original, o roteiro de Resgate é coerente, e bem definido. Missão, ação, dificuldades, pausas, volta à ação, está tudo lá como manda a fórmula, com reviravoltas e pontos de virada nos momentos certos. O que falta à trama é uma construção de personagens que nos faça temer por suas vidas.

Tyler é o típico cavaleiro solitário, que sofreu uma grande perda, e mergulha de cabeças em missões de auto-destruição. Ovi é um adolescente como outro qualquer. Nenhum dois ganha características fora de seus estereótipos, ou mesmo cenas que gerem empatia do público antes de serem jogados na ação.

O desenvolvimento chega, tradicionalmente nos respiros da ação, através da exploração do relacionamento dos dois. Mas é raso e previsível, com diálogos sonolentos. O pouco do interesse despertado, vem do bom trabalho da dupla e principalmente do carisma de Hemsworth.

Não há grandes destaques entre personagens secundários, embora a participação de David Harbour agrade pelo simples fato de encontrarmos mais um rosto conhecido. Golshifteh Farahani também acerta no pouco tempo de tela que tem, deixando aquela vontade de saber mais sobre sua personagem.

É na ação que a produção se destaca. Estreante na direção de longas-metragem, Sam Hargrave tem uma vasta experiência como dublê, e por isso sua produção brilha neste departamento. A ação bem coreografada, desenfreada e filmada de forma coerente é no mínimo eletrizante. É possível sentir tanto a urgência da situação, quanto o peso de cada soco. Com destaque para uma longa sequencia de perseguição, filmada como um grande plano sequência pelas ruas de Dhaka.

A edição de som, trabalha em prol dessa ação, é ela quem dita o peso dos impactos, da a noção do quão populosas são aquelas ruas, e quanto aparato é empenhado nesta pequena guerra urbana. A trilha sonora complementa este bom trabalho. Já a fotografia é exageradamente amarelada, ampliando a sensação de ambiente hostil. O mundo é quente, abafado e poeirento.

Baseado na grafic novel Ciudad Ande Parks, o roteiro de Joe Russo amarra bem todas pontas soltas até os últimos momentos, quando decide fabricar um final em aberto que possibilitaria uma sequencia. Continuação que já fora confirmada por Russo. 

Particularmente, eu preciso de um pouco mais de produções de ação. Entretanto, para quem procura  apenas por adrenalina, Resgate é uma opção excelente. Não tem uma grande história, mas a ação é excepcional. 

Resgate (Extraction)
2020 - EUA - 116min
Ação

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