Sempre Bruxa - 2ª temporada

Quem ler minha resenha da resenha da primeira temporada de Sempre Bruxa, pode erroneamente pensar que não gostei da obra. Apesar das muitas falhas, consegui me divertir com a série adolescente o suficiente para embarcar em uma segunda temporada. Esta continua apostando na soma de magia e conflitos juvenis, trazendo uma leveza muito bem vinda neste momento complexo em que vivemos. Em outras palavras, não é excelente, mas é uma distração escapista excelente para desviar a atenção da ansiedade de uma pandemia.


O segundo ano começa com Carmem (Angely Gaviria) e Alicia (Sofia Bernal Araujo) de volta ao passado para resgatar Johnny Ki (Dylan Fuentes) dos piratas. Esta aventura traz o novo personagem deste ano, o pirata (Óscar Casas). No presente, um perigoso jogo de desafios via moda, assim como as habilidades e poções da protagonista que não receia em usá-los.

Se não havia ficado claro anteriormente, Sempre Bruxa se assumiu de vez como aventura juvenil escapista, com plotes exagerados e regras maleáveis. Toda magia tem seu preço, viagens no tempo são perigosas, os personagens alertam uns aos outros dos riscos, mas não hesitam em arriscar. E as complicações destes atos raramente duram mais que dois episódios.

Novamente, a série traz, mas não discute, vários bons temas. Desde a temática principal, escravatura e bruxaria, até as novas tramas como o jogo de desafios Mr. Hyde. Este último se assemelha em regras ao apresentado no filme Nerve, que leva os participantes a cometer atos arriscados para vencer o jogo. Mas sua história é desenvolvida paralelamente à jornada da protagonista, sem grande aprofundamento até que seja útil para a trama principal. O mesmo vale para a jornada de Kobo no futuro.

Mas e a trama principal? Carmem que passou de aprendiz a mestre de uma temporada para outra (quando ela aprendeu tudo isso?) lida com dilemas amorosos, com a fama, com ataque de inimigos, festas e aulas na faculdade... Entre um ou outro problema menor, ela revela que resgatar a mãe da fogueira no passado é sua meta. Mas falta foco, os personagens acabam correndo de um problema a outro sem muito desenvolvimento ou consequências. Quem sai perdendo é o ex-provável-vilão/quase-interesse-amoroso Esteban (Sebastian Eslava). Sem muita função agora que a Carmen se vira sozinha, e sem fazer parte da "turma", o professor acaba ficando de lado, como se os roteiristas não soubessem o que fazer com ele.

Um rompimento amoroso aqui, outro par romântico ali, uma dupla aprontando altas confusões, problemas criados e resolvidos literalmente em passes de mágica, figurinos curtos e coloridos, belas paisagens de Cartagena... Sempre Bruxa não parece ter pretensão de ser muito além de uma novelinha leve e divertida. E até funciona, dependendo de sua capacidade de suspensão da descrença. Podia ser um fenômeno do streaming se explorasse melhor seus temas, e trabalhasse melhor a coerência de seu universo.

Como melhora, o segundo ano aboliu as redundantes narrações da protagonista, e melhorou um pouco seu texto superficial. Também abraçou com vonade seus absurdos, piratas, magia, viagens no tempo, vidas passadas, está tudo lá junto e misturado, sem vergonha de ser meio brega e exagerado. Além de trazer de volta as qualidades do ano anterior: é uma série colombiana adaptada de um livro também colombiano (Yo, Bruja, de Isidora Chacon), que cria ficção inspirada pela história e cultura de seu país. Trazendo uma protagonista negra, ex-escrava, e um elenco diverso para acompanhá-la.

Divertida, Sempre Bruxa pode não ser uma pérola da dramaturgia, mas é expansão de mundo para muita gente. Gente jovem acostumada só com séries teen estadunidenses, ou no máximo Malhação, que pode começar a se interessar por obras de outras partes do planeta.

A segunda temporada de Sempre Bruxa tem oito episódios com pouco mais de meia hora cada, todos dispníveis na Netflix.

Leia a crítica da primeira temporada.

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