
Na década de 1970, Anna (Linda Cardellini) é uma viuva com dois filhos, que tenta equilibrar os cuidados com a família com o trabalho de assistente social. Em um de seus casos, que envolve uma família mexicana, ela traz para casa algo mais que trabalho extra. Ela e seus filhos passam a ser perseguidos por La Llorona, A chorona em bom português.
Além de popular a lenda da Chorona tem um potencial assustador enorme. Uma vez que, e várias de suas versões, é protagonizada por uma mãe atormentada por matar os próprios filhos. Aquela que deveria ser a maior protetora, é a maior ameaça. O filme não apenas escolhe esta vertente da lenda, como a potencializa, concentrando os esforços da assombração na perseguição de crianças. Assim a produção torna-se um embate entre figuras maternas.
Linda Cardellini é convincente como a mãe sobrecarregada pela vida. Triste, esgotada, mas ainda muito dedicada, sua atuação até nos faz relevar os deslizes e escolhas ruins da personagem, como não investigar mais à fundo o comportamento dos filhos. Ela é assistente social, é o trabalho dela. Mas como o ditado diz: em casa de ferreiro, espeto de pau. E cansaço da personagem justificaria esta desatenção em casa.
Não conseguimos ter a mesma boa vontade com Rafael Olvera (Raymond Cruz). O curandeiro designado para "salvar" a família, parece charlatão tanto como especialista, quanto na atuação de Cruz. O caçador de fantasmas dificilmente convence quem já assistiu um ou dois episódios de Supernatural ou mesmo os filmes anteriores estrelados pelo casal Warren. Parecendo meio perdido, usa métodos falhos (coloca proteção na casa toda, e esquece a porta dos fundos?) e duvidosos. Sua ajuda poderia facilmente ser substituída por informações em um livro.

A instabilidade da Chorona é resultado de um roteiro que não descobriu como aproveitar bem seu argumento. Preferindo criar sua história em torno dos clichés do gênero, jumpscares e a incapacidade dos personagens de encontrarem um interruptor. Vale ressaltar, não há problemas em usar estas fórmulas tradicionais, afinal eles funcionam. Mas os clichés, podem ser melhor aproveitados, trabalhando em conjunto com o roteiro ao invés de se tornar uma muleta para sustos fáceis.
Ao menos a direção de arte é competente na reconstrução de época. Assim como os figurinos e penteados que criam personagens com visual de "gente comum", e por isso facilmente relacionáveis. A direção ainda se arrisca com planos e movimentos de câmera mais elaborados, que se não acrescentam à história, ao menos criam momentos visualmente interessantes, como o plano sequencia inicial, ou as cenas da pequena Sam brincando perto da piscina.
E por falar em uma das crianças, os atores Jaynee-Lynne Kinchen e Roman Christou, entregam o que o papel exige sem grandes destaques, ao dar vida aos filhos da protagonista Sam e Chris. O elenco ainda conta com Tony Amendola, em uma participação especial que faz a ligação sutil com o universo compartilhado. E Sean Patrick Thomas e Irene Keng, cujos personagens dispensáveis, entram e saem de cena sem grandes consequências para história. É Patricia Velasquez (O Retorno da Múmia), quem tem bons momentos ao interpretar outra mãe atingida pela maldição, embora as escolhas da personagens sejam mal desenvolvidas, seu sofrimento é real.
A Maldição da Chorona tem uma lenda cheia de potencial para explorar. Mas a produção desperdiça seu bom argumento, com um roteiro fraco e previsível, que parece ter sido criado para atender às cenas de susto, ao invés de construí-las. Empata com o primeiro Annabelle, na posição de elo mais frágil da universo produzido por James Wan.
A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona)
2019 - EUA - 93min
Terror
Leia as críticas dos outros filmes da franquia: Invocação do Mal, Annabelle, Invocação do Mal 2, Annabelle 2 - A Criação do Mal e A Freira.
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