Enquanto no cinema a DC ainda luta para fazer seu universo heroico funcionar, na TV seus personagens com capas, roupas colantes e habilidades especiais passam muito bem. Titãs a nova empreitada lançada pelo serviço de streaming da DC - que no Brasil chegou pela Netflix - expande ainda mais as possibilidades para personagens de quadrinhos na telinha.
Criado na década de 1960, o super-grupo formado por sidekicks e personagens coadjuvantes já teve diversas versões e formações ao longo dos anos em diferentes plataformas. Nesta versão live-action para TV, acompanhamos o encontro de Robin, Ravena, Estelar e Mutano. Reunidos pelas consequências de uma misteriosa caçada à um deles. Ao mesmo tempo que acompanhamos a parceria forçada se tornar uma escolha ciente, também acompanhamos os arcos individuais de cada um deles.

É Gar Logan, o Mutano (Ryan Potter, Operação Big Hero), quem tem o arco mais fraco. Usado principalmente como alívio cômico e como recurso para apresentação da Patrulha do Destino. Outros heróis que ganham destaque ao longo da série são Rapina e Columba (Alan Ritchson, Smallville e Minka Kelly, Friday Night Lights). Há também espaço para participações especiais de outros nomes conhecidos, que não pretendo mencionar para não estragar a surpresa.

Estelar rouba a cena sempre que aparece, mas tem seu desenvolvimento arrastado para dar espaço para outros personagens. É apenas no final da temporada que começamos a entender quem ela realmente é. Com Mutano, a série surpreende ao ter coragem de mostrar suas transformação em tigre, através de efeitos que não são excepcionais, mas funcionam muito bem dentro do estilo e orçamento da série. O mesmo vale para outros efeitos, como as manifestações de poderes de Ravena e Estelar.

Com censura alta, 16 anos, a série tem a chance de ir além das coloridas e leves "primas" da CW. Palavões, sexo e uma alta dose de violência são permitidos aqui. A escuridão nas cenas de luta podem incomodar alguns, mas é coerente com quem foi treinado pelo Cavaleiro das Trevas.

Empatia que torna o desfecho da temporada um tanto quanto frustante. O programa deixa seus protagonistas em um gigantesco e desnecessário gancho. À essa altura já nos importávamos o suficiente com os personagens, para não precisar de estímulos para esperar por uma segunda temporada. O resultado é um final anti-climático, que enfraquece a excelente experiência do programa até aquele momento. E que não é contornado pela "misteriosa" cena pós créditos. Sim, tem uma, não deixe de assistir.

O balanço geral, no entanto, é positivo, a série é bem produzida, tem personagens carismáticos, um elenco eficiente e uma história envolvente o suficiente para sustentar uma maratona. O programa também acerta ao adaptar estes personagens, e apresenta-los de forma simples, mesmo para quem não os conhece dos quadrinhos ou animações anteriores.
Entretanto seu maior mérito talvez esteja no novo caminho que ela aponta. Menos sóbria e intensa que o universo da DC nos cinemas, mas muito mais pesada que as séries do Arrowverse, Titãs não tem vergonha de ser quadrinhos. E descobriu que não precisa abrir mão de um conteúdo mais adulto, para abraçar o lado colorido e exagerado do universo dos super heróis.
A primeira temporada de Titãs tem 11 episódios, todos já disponíveis na Netflix. A segunda temporada já foi confirmada, assim como o spin-off Patrulha do Destino.
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