Supergirl - 3ª temporada

Já era esperado que o segundo ano de Supergirl fosse uma temporada de mudanças e ajustes, por causa da compra dos direitos da série pela CW. E a produção se saiu bem na tarefa de administrar as baixas e contratempos inevitáveis. Logo, era esperado que o terceiro ano trouxesse uma série mais ajustada com seu próprio universo.

Partindo de onde paramos no ano anterior, Kara (Melissa Benoist) ainda está abalada com a partida forçada de Mon-El (Chris Wood). Leia-se está na fossa, menos otimista e animada que de costume, mas sem comprometer a personalidade altruísta da garota de aço. Enquanto isso, conhecemos a nova funcionária de Lena (Katie McGrath), Sam (Odette Annable) uma mãe solteira trabalhadora, que está sob uma misteriosa ameaça kriptoniana que em breve atingirá a todos. Inclua aí a descoberta de que J'onn J'onzz (David Harewood) não é o último marciano verde, e mais tarde o retorno de Mon-El, diretamente no século XXIII e casado.

Quem também começa a temporada enfrentando dificuldades amorosas é Alex (Chyler Leigh), que decide deixar Maggie (Floriana Lima), quando suas perspectivas quanto a formar uma família divergem. O arco criado para irmã da Supergirl, foi uma solução apressada para a saída de Lima do programa, mas que funcionou muito bem com a personalidade e atitudes da personagens até então. Além de levantar a discussão sobre a decisão de adotar uma criança, e de conciliar um trabalho de alto risco com a maternidade. Ambos os assuntos devem ser melhor desenvolvidos no próximo ano.

As complicações amorosas das irmãs acontecem ao mesmo tempo, e resultam em um dos episódios mais curiosos deste ano. "Midvale", mostra o primeiro crime que as irmãs desvendaram juntas, ainda na adolescência. E a direção de elenco, acerta na escolha de Izabela Vidovic e Olívia Nikkanen, para viver as jovens Danvers. Além de parecidas com as intérpretes originais, as jovens atrizes são eficientes ao adotar os trejeitos e maneirismos de Kara e Alex, respectivamente. Uma pena apenas, é que este episódio inevitavelmente refresca a memória sobre o mistério entorno do desaparecimento do pai da dupla (Dean Cain), trama que parece ter sido abandonada pela série sem maiores explicações.

Outro coadjuvante que ganhou um arco bem desenvolvido foi J'onn, que reencontrou o pai. M'yrnn (Carl Lumbly, excelente), precisou aprender a viver em outro planeta e ajustar as contas com o filho, e acabou se tornando parte da família do DOE. O mesmo não pode se dizer de James Olsen (Mehcad Brooks), o personagem perdeu completamente a função, mas o roteiro insiste em mantê-lo, criando tramas descartáveis, como sua carreira como Guardião e seu namoro com Lena. Já a irmã de Lex Luthor reforça sua presença na vida da Supergirl e de Kara, e começa a criar o esperado antagonismo em relação à heroína.

E por falar no departamento que cuida de assuntos alienígenas, apenas seus funcionários parecem seguir horário normal de trabalho. Kara só da as caras na CatCo, onde supostamente é jornalista quando é conveniente para o roteiro, assim como James, ocupado com sua carreira de vigilante. Lena ensaia assumir a empresa de mídia recém comprada, mas logo volta para seu trabalho original, e mesmo deste é desviada pela ameaça da Régia. É provável que em algum momento da temporada o espectador se descubra questionando, como esse pessoal paga as contas.

A recém contratada de Lena, Sam também não tem tempo de trabalhar muito, mas em seu caso a culpa é do desenvolvimento da ameaça da vez. Régia tem uma das melhores construções do Arrowverso, o universo compartilhado das séries de heróis da CW. Sendo apresentada aos poucos e de forma misteriosa, a personagem cria a tensão da ameaça, sem diminuir a empatia do público com sua inocente hospedeira. O escorregão fica por conta da necessidade de ocupar 23 episódios com sua trama, recorrendo para a inclusão de duas desinteressantes parceiras de vilania, as destruidoras de mundo, e a uma reviravolta tardia na reta final que cria um desfecho apressado e confuso.

É nesta reviravolta que o arco de Kara ganha algum peso. Até este momento, a moça passara a temporada lidando com o triangulo amoroso entre ela, Mon-El e Imra (Amy Jackson). Conflito aliás tratado de forma nada convencional, ao não apresentar as duas moças como inimigas na disputa pelo coração do rapaz, mas três pessoas tentando entender uma sistuação complexa. Na reta final porém, o foco se volta para a descoberta de sobreviventes de Kripton. Impondo à super-moça a escolha entre seu antigo lar e o atual. Claro, alguns destes refugiados também estão envolvidos na ameaça principal.

Vale ressaltar, a série é protagonizada por mulheres, da mocinha à vilã, as moças tem tanto, ou mais peso que os rapazes. É um desfile de exemplos para a garotada se identificar. Voltar a deixar o Superman distante,o personagem ganhou um interprete no segundo ano, reforça o foco no público alvo. É uma série sobre uma super-garota, feita para garotas, não que isso exclua quem apena gosta de uma aventura para toda a família. 

Apesar de precisar seguir o extenso cronograma de 23 episódios das séries do gênero, a terceira temporada de Supergirl conseguiu distribuir bem, sua ameça ao longo dos episódios, ficando confusa apenas na reta final, quando tenta "inovar" demais. Falta também administrar melhor os personagens que tem, eliminando os excessos. Aqueles que a série já ajustou, como Alex e J'onn, tem arcos os melhores arcos.  

O season finale corrido, ainda encontra tempo para despedidas e mais mudanças. Preparando assim o terreno para o quarto ano da série. Resta torcer, para que a série continue a aprender com os erros, e entregue uma produção cada vez mais equilibrada.

Supergirl, é exibida no Brasil pela Warner, e suas duas primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix.

P.S.: A quem interessar possa, a maquiagem continua caricata e artificial. A principal vítima da vez é a inteligência artificial Brainy (Jesse Rath). Mas à essa altura, já aceitei a tosqueira colorida como característica da série, e não espero por grandes mudanças nesse departamento.

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