Perdidos no Espaço - 1ª temporada

A premissa original era bem simples. Uma família a caminho do novo lar da humanidade tem seu rumo perturbado por um clandestino, e por isso todos ficam Perdidos no Espaço em sua nave auto-suficiente. Na nova versão da série, produzida pela Netflix, a criação deste cenário não é tão simples, e a primeira temporada usa seus dez episódios para explicar como foi formada a equipe da Júpiter, e como eles se colocaram nos apuros do título.

Um evento cataclísmico tornou a terra um lugar ruim para a humanidade, e aqueles que se provam aptos - leia-se passam em uma série de testes - podem se mudar para a nova colônia humana em Alpha Centauri. Os Robinsons estão entre os aprovados, e estão em plena viagem quando algo ataca a Resolute, grande estação espacial que leva seu grupo de colonos. As famílias são forçadas a deixar a "nave-mãe", em suas pequenas Júpiters e acabam caindo em um planeta misterioso.

Diferente do clássico da década de 1960, os Robinsons não estão sozinhos no início desta jornada. Outros colonizadores também estão perdidos neste planeta, mas o foco continua naqueles personagens criados em 1965. Todos devidamente atualizados para o século XXI, mas sem perder suas principais características.

John Robinson (Toby Stephens), é um pai ausente, extremamente envolvido com seu serviço militar, que embarca nesta viagem para ficar mais com os filhos. No comando, a ciêntista Maureen (Molly Parker), é uma mãe forte e dedicada. E o casal está separado, vale ressaltar. Entre as crianças, Judy (Taylor Russell) precisa se provar como médica iniciante, e por ser a mais velha se sente responsável por tudo. A jovem também é de outra etnia, acertadamente sua adoção é apenas citada e nunca se torna uma questão. Penny (Mina Sundwall) é a adolescente impulsiva, que faz graça com tudo,mas que também está disposta a se arriscar pela família. Enquanto o doce Will (Maxwell Jenkins), só quer encontrar provar seu valor na missão.

As maiores mudanças ficam por conta dos "agregados" da família. Don West (Ignacio Serricchio) é mais malandro, mas ainda tem bom coração. A Dra. Smith (Parker Posey) - isso mesmo doutorA - ainda carrega a mesma capacidade de ludibriar e manipular as pessoas, mas agora a lábia vem acompanhada de um background mais complexo. Já suas maldades parecem muito mais estremas, e em alguns momentos beiram a loucura. É o Robô quem tem sua origem completamente alterada, tornando-o um personagem mais ativo e profundo. Faltou apenas tornar a criatura mais empática para facilitar nosso laço com ele.

A tripulação precisa ajustas os ponteiros e lidar com seus dilemas individuais, ao mesmo tempo que precisa lidar com os perigos deste planeta desconhecido e tentar voltar para a Resolute. É aqui que as histórias de dividem em episódios que remetem as aventuras da série clássica, com um problema diferente a cada capítulo, que na maioria das vezes vai mover a jornada principal. A previsibilidade aqui conta pontos à favor, já que é com os personagens e não com os problemas com que nos identificamos. E a familiaridade com a história e personagens reforçam os laços, que também se beneficiam, com a escolha de um elenco carismático.

Visualmente, a produção deixa um pouco de lado a visão romântica de futuro dos anos 60, e adota o visual tecnológico funcional dos dias de hoje. Atualização necessária para tornar a missão espacial crível para a audiência de 2018. Os efeitos especiais, fotografia e as escolhas da direção são eficientes tanto para mostrar a vastidão e variedade deste planeta, quanto para enfatizar detalhes dos ambientes pequenos dos interior das naves.

Ritmo e linguagem, também foram atualizados, é claro - quem conhece a série clássica sabe, que esta soa lenta para os tempos atuais. Assim como, os papéis de cada personagem nesta sociedade foram repensados. Diversidade e empoderamento feminino estão na pauta. Este último então fica mais evidente, na troca de gênero da vilã, e principalmente durante o clímax, quando os planos dos heróis óbvios, John e Dom, falham miseravelmente e cabe às mulheres da família salvar o dia.

Ciente de estar situado em outro contexto, este remake de um clássico da ficção-ciêntifica não hesita em gastar um tempo atualizando e restabelecendo as origens do argumento original. E ainda aproveita a oportunidade, para apresentar bem este universo e seus moradores. Perdidos no Espaço, acerta em cheio ao trabalhar a nostalgia com elementos novos, sem deixar de ser intrigante e divertido.

Esta primeira temporada de Perdidos no Espaço tem 10 episódios com cerca de uma hora cada. Todos estão disponíveis na Netflix.

Leia mais sobre Séries e Netflix.

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem