Outlander: Blood of My Blood - 1ª temporada

Que o universo criado por Diana Gabaldon para sua saga literária é enorme, qualquer um que tenha se deparado com os muitos longos volumes de Outlander já sabem. Uma saga tão extensa (dez livros planejados, nove já lançados), que mesmo sua adaptação para a TV precisou enxugar e resumir. Mesmo assim, surpreendentemente, ainda há muito mais que se pode explorar dessa fantasia histórica com viagem no tempo. 

Outlander: Blood of My Blood é a prequel que expande, enriquece e cria mais conexões e mistérios para a história de personagens principais e novos. Cerca de trinta anos antes dos eventos da primeira temporada da série principal, neste derivado acompanhamos a jornada dos pais de Claire e Jamie (protagonistas de Outlander), antes mesmo do casal nascer. A ideia é mostrar como seus destinos foram desenhados para viver o romance épico que acompanhamos, e que nada nesse mundo é mero acaso.

Em 1714, Brian Fraser (Jamie Roy) e Ellen MacKenzie (Harriet Slater), futuros pais de Jaime Fraser, se conhecem e se apaixonam. Logo após a morte do pai da moça, quando seus irmãos Colum (Seamus McLean Ross) e Dougal (Sam Retford), passam à vê-la como moeda de troca, e possibilidade de alianças com outros clãs. Outro fator que atrapalha o romance, é o fato de Brian ser o bastardo do mais desprezível senhor das highlands, o Lorde Lovat (Tony Curran, perfeitamente odiável), que tem uma rusga direta com os MacKenzie. 

Já durante a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, Henry Beauchamp (Jeremy Irvine) e Julia Moriston (Hermione Corfield) se conhecem através de cartas, enquanto ele está no front e ela trabalhando no esforço de guerra. Se casam e ficam juntos após a guerra, quando trazem Clair Beauchamp ao mundo. Quando a menina tem cinco anos, saem em uma lua de mel pela escócia, se envolvem em um acidente de carro, acabam encontrando Craig na Dum. Acidentamente fazem a viagem para 1714, onde são separados. Sua jornada é sobreviver à um tempo hostil e desconhecido enquanto tentam se reunir. 

Vale mencionar, que a história de Henry e Julia é criação exclusiva para a série. Apesar de estar envolvida na produção, a autora afirma que para ela, e em seus livros, o casal realmente perdeu a vida em um acidente de carro, deixando Claire para ser criada pelo tio arqueólogo. Sem viagem no tempo, muito menos encontro com os pais de Jaime. E sim, as histórias dos casais se cruzam eventualmente, ainda que sigam seus dilemas majoritáriamente separadamente. Eles interferem e ajudam nas jornadas um dos outros, mas não se tornam de fato um único núcleo ou grupo. 

Assim a série se divide em duas linhas narrativas, e nem sempre conseguem equilibrar bem o tempo entre elas. O que fica mais evidente no primeiro episódio, focado em Ellen e Brian e uma apressada história de amor a primeira vista, em meio a uma disputa de poder no clã MacKenzie. Já o segundo episódio focado em Henry e Julia (apenas nos dois, sem personagens secundários), tem um ritmo melhor, e um bem vindo frescor de novidade.  

Entretanto, uma vez que as tramas foram estabelecidas, a alternacia ainda que desequilibrada funciona na maior parte do tempo. É claro, eventualmente notamos que "tal casal" mal apareceu em determinado episódio, mas o foco em apenas dois dos quatro protagonistas acaba se justificando. Como no enervante episódio do parto, ou mesmo no que uma virtude precisa ser confirmada. 

O desequelíbrio só volta a incomodar no último episódio, que apesar de ter cerca de noventa minutos de duração, foca no casal Brian e Ellen, enquanto Henry e Julia calvalgam por toda duração, apenas para ter seu dilema transformado em um enorme gancho para a segunda temporada. Irrita? Sem dúvida, mas à esta altura, já nos apegamos aos personagens, criamos teorias, e estamos ávidos por conexões com a obra principal. 

Aliás vale mencionar, ter visto Outlander pode até não ser um requisito absoluto para acompanhar Blood of My Blood. Mas, certamente a série derivada funciona melhor para quem já assistiu ao menos a primeira temporada da original. 

Além das jornadas românticas dos casais protagonistas, a série também explora tradições e costumes da escócia do século XVIII. Fala de estresse pós-traumático, embates familiares, o "papel da mulher" nessa sociedade, e até de violência obstétrica. Tudo relacionado de uma forma ou de outra com as tramas principais. 

O elenco impressiona principalmente pela semelhança física com suas contrapartes 30 anos mais velhas. À excessão é Seamus McLean Ross, que em nada se parece com o interprete de Collum da série original. O mesmo quesito semelhança física impressionam quando falamos dos quatro protagonistas, que compartilham muitas caracteríticas com os intérpretes de seus futuros filhos. 

 Felizmente a busca por fidelidade visual não aconteceu em detrimento da qualidade da atuação. Não há entregas impressionantes, é verdade, mas todos fazem o que é necessário para contar a história, e conquistar nossa torcida. O destaque fica com Hermione Corfield, que consegue dar um pouco mais de peso ao sofrimento pelo qual sua personagem é submetida, sem deixar de lado a determinação e a esperteza da jovem.

Fotografia, cenários figurinos e reconstrução de época mantém a qualidade já conhecida da série original. Característica que também facilita nossa familiarização e engajamento com esse novo programa. 

Outlander: Blood of My Blood não é impecável, mas é uma boa aquisição para franquia. Envolvente, e bastante relacionada, um consolo para quem já lamenta o final de Outlander. A oitava e última temporada estreia em 2026. Enquanto o segundo ano de Blood of My Blood já está em produção.

A primeira temporada de Outlander: Blood of My Blood tem dez episódios, com cerca de uma hora cada (o décimo tem uma hora e meia). Todos já disponíveis no Disney+!

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