Não sou usuária de aplicativos de namoro, tão pouco acompanho notícias de startups e histórias de criações de apps. No máximo, sei que existem quando se tornam cotidiano na vida de muitos e referências na cultura pop. Logo, não é surpresa que eu não conhecesse a história de Whitney Wolfe Herd, criadora do Bumble. Felizmente, o cinema vem me oferecer mais essa história real, ainda que, como sempre, de forma mais romanceada, com Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro.
Whitney Wolfe (Lily James) é uma jovem idealista recém saída da faculdade, que pretende mudar o mundo com tecnologia. Um ramo majoritariamente masculino, e consequentemente, machista. Sem muitos contatos, a moça acaba por aceitar um trabalho em uma epresa de startup que busca criar o novo grande app. Entre os muitos projetos, o Tinder acaba se destacando, e Whitney é peça chave em sua criação, inclusive nomeando o projeto. Durante o processo, acaba se relacionando com um dos sócios da empresa, Justin (Jackson White), e ganhando o título de co-criadora.
Mas conforme o sucesso aumenta o tratamento dos co-criadores com ela começa a mudar. As reclamações de assédio contra mulheres por parte dos usuários homens dentro do Tinder são ignoradas. E tudo fica ainda pior quando a moça encerra o relacionamento com Justin, que não aceita e passa a assediá-la. Fazendo com que ela deixe a empresa pela porta dos fundos, e seja silenciada por um acordo de confidencialidade. Mas, quando sua carreira em tecnologia parece ter terminado, uma reviravolta (que não vem sem empecícílios próprios) a torna a mais jovem bilhonária"self-made" da história.
Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro (o título nacional é péssimo!), conta de forma livre a história rea de Whitney. Que não se envolveu na produção, ela ainda está sob o tal acordo de confidencialidade, lembra? Mesmo assim, não é dificil acreditar que os cenários criados pelo roteiro representem a realidade dos bastidores de startups. Uma área dominada por homens, onde as poucas mulheres precisam ser mais eficientes, e falar mais alto, e defender suas ideias mais firmemente.
O que somado à notícias conhecidas do embate entre a empresa e a moça, cria um panorama bastante complexo e crível de sua luta. Em outras palavras, por mais que não venham de relatos diretos, e não traga situações exatas, provavelmente, os eventos mostrados são bastante similares a vida real, não apenas da protagonista, mas de muitas mulheres do mesmo ramo. A única coisa que as outras mulheres não tenham é a trajeória de superação pós abusos.
Lily James leva a personagem de jovem ingênua e sonhadora, à vítma constante, ao fundo do poco, passando pela revolta e o desespero, antes de encontrar o caminho para a superação. E este também não é simles. O elenco acompanha a boa atuação, com destaque para Dan Stevens no papel de Andrey Andreev. Que de aliado, repentinamente apresenta ser o mesmo tipo de homem, apenas sob uma máscara diferente que convence à nós, e a Whitney por boa parte da história. Ops, talvez isso seja um spoiler. Mas convenhamos, são personagens reais, uma história real, nada é de fato inedito.
A direção de Rachel Lee Goldenberg é competente ao dar cadência e ritmo a jornada de superação. Pontuando bem os diferentes momentos da personagen, e a forma como a vida a molda gradualmente. Já direção de arte, maquiagem e figurinos não tem muitos desafios ao criar um passado recente. É eficiente, crível, mas não salta aos olhos, nem soma muito à narrativa.
Já a narrativa não tem receio de falar abertamente de assédio, misogina, e a forma como a sociedade é moldada para que a mulher esta sempre em vulnerabilidade. Basta notar, que mesmo aceitando um acordo com seus agressores, a protagonista continua a ser agredida, e pior, em praça pública. Mas também fala de como isso afeta o psicológico das vítimas, enquanto a jornada de superação e o empoderamento oriundo delas, deixa uma nota de esperança para nos apegarmos.
Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro é simples, mas eficiente. Conta uma história recente para quem, assim como eu, não acompanha o mundo da tecnologia. Enquanto discute um tema social latente de forma aberta e direta. Pode não ser a mais sofisticada das narrativas, mas cumpre bem o desafio a que se propôs.Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro é uma produção do streaming estadunidense Hulu, que no Brasil lança seus projetos diretamente no Disney+.
Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro (Swiped)
2025 - EUA - 110min
Biografia, Drama
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