Frozen: O Musical

Será que o Disney+ vai virar a casa dos espetáculos? Espero que sim! Depois de levar o fenômeno Hamilton para o mundo, e grandes espetáculos da casa como Encanto e O Rei Leão no Hollywood Bowl, chega vez da versão da Broadway de Frozen: Uma Aventura Congelante chega para um público maior. Ou quase isso!

Sim, Frozen: O Musical (cujo título original inclusive é Frozen: The Hit Broadway Musical) é a versão da Broadway para a animação da Disney. Entretanto a versão que fora filmada para a plataforma é a montagem apresentada em West End, em Londres. Então tecnicamente não é Broadway, mas é!

A história é a mesma que você conhece da animação, mas com adições e adaptações para funcionar nos palcos. O que inclui muitas músicas extras. Por diferentes motivos, algumas funcionando melhores que outras narrativamente, embora todas tenham sido escritas pela mesma dupla, Kristen Anderson-Lopez and Robert Lopez.

Hygge, a música de Oaken, personagem que nesta versão poderia ser facilmente descartado, existe apenas para fazer volume e dar ao elenco que não está em cena, o tempo preciso para se prepara para os números seguintes. Não é excepcional, mas é funcional.

Já I Can't Lose You, que substitui a reprise de For the First Time in Forever da animação, para o debate entre as irmãs no castelo, é excessivamente didática, redundante e perde em nuance musical e narrativa. Uma troca que apesar de extremamente bem executada pelo elenco, não tem a mesma força. Em contra ponto What Do You Know About Love? resume bem a construção da relação entre Anna e Kristoff, substituindo toda a aventura com trenó e lobos de forma eficiente.

Felizmente, mesmo os pontos menos inspirados narrativamente são apresentados de forma espetacular pelo elenco e equipe, incluindo toda a parte técnica, iluminação, efeitos especiais, cabelo e figurino. A produção encontrou solução não apenas criativas para momentos mais complexos como aqueles envolvendo magia, mas também os tornou espetáculos visuais. Com destaque é claro, para as sequencias com os poderes de Elsa e o congelamento de Anna. Sim, Let it go é tão empolgante quanto a versão animada.

A experiente Samantha Barks convence como Elsa, mesmo que haja um afastamento proposital da personagem, que no início aparece pontualmente, deixando por conta de Anna a condução da narrativa. O que Laura Dawkes o faz com uma energia impressionante, trazendo para a vida real a personalidade expansiva, acelerada e divertida da caçula.

A troca dos trolls por humanos desacamisados gera um estranhamento inicial, mas no fim funciona. No extremo oposto as soluções para trazer Olaf e Sven para o palco (fortemente inspiradas na versão de O Rei Leão da Broadway) convencem imediatamente.

Assim o saldo é positivo (especialmente para pessoas menos "cri-cri" que esta blogueira que vôs escreve). Frozen: O Musical é empolgante, deslumbrante, encantador e muito divertido. E fico feliz que mais pessoas (eu inclusa), consigam finalmente ter acesso a obras como esta. É claro, ao vivo deve ser infinitamente melhor. Mas não conhecer de forma alguma é um absurdo!