Abigail

É uma pena que as sinopses de trailers de Abigail entreguem a surpresa do longa (provavelmente os produtores acreditaram que isso atrairia mais público). Mas mesmo sem a surpresa a proposta do terror é inventiva o suficiente para divertir, mais que assustar. 

Um grupo de criminosos aceita mais um trabalho, sequestrar uma bailarina de doze anos e ficar de babá por vinte quatro horas em uma mansão isolada até que o resgate seja pago. Mas quando os membros da equipe começam a ser eliminados um por um, eles descobrem que estão presos com uma menina incomum. 

Vou parar a sinopse por aqui, para resguardar um pouco da surpresa. Sugiro que busque o mínimo de informações possível. E vou tentar não trazer spoilers aqui. 

Trata-se de um típico terror no estilo "resta um", no qual as vítimas não são inocentes. Ao mesmo tempo que o predador também não é o que aparenta. Onde o divertido é descobrir quando e como cada um será eliminado. E o roteiro não decepciona na criatividade ao submeter as vítimas à agressões inusitadas, e absurdamente sangrentas. Ao ponto de parecerem propositalmente toscas. 

Para tal a produção não se acanha ao criar uma mitologia própria em torno da criatura em questão. Assumindo inclusive em diálogos, que existem diferentes variações da criatura, e esta é apenas mais uma delas. O que pode irritar os mais puristas que acreditam que o ser precisa ter determinadas características para ser nomeado como tal.  Considerando que é um ser que não existe (até onde sabemos), acredito que suas características só precisam ser coerentes com a mitologia que o filme apresenta. Sem ideias e soluções tiradas de repente da cartola. E nisso o filme é assertivo. 

Além disso, a brincadeira de criar um contraponto entre a delicada figura da bailarina e a voracidade da criatura, é um dos pontos altos da produção. Graças em boa parte ao bom trabalho de Alisha Weir, a Matilda da versão musical da Netflix. A atriz mirim entrega bem tanto a figura da menininha de doze anos, quanto a energia e cinismo da criatura. 

E por falar no elenco, o restante dos atores encarnam estereótipos bem conhecidos de equipes de assalto. A hacker, o lider, o brutamontes, .... nada muito criativo, mas eficiente para conhecermos e compreendermos as funções estes personagens rapidamente, sem sequer precisarmos decorar seus nomes. Tarefa que o elenco com bons nomes como,  Dan Stevens, Kathryn Newton, Matthew Goode e Giancarlo Esposito, entrega com facilidade. O elo mais fraco é a Melissa Barrera, que ganha protagonismo do roteiro, mas volta e meia é eclipsada por seus colegas de cena. Nada que comprometa seriamente a diversão. Afinal, não estamos ali por grandes arcos dramáticos, mas para ver esse pessoal lutar pela vida. 

A direção de arte é eficiente em criar um ambiente claustrofóbico, assustador e cheio de pistas quanto as ameaças que cercam os personagens. Assim como os efeitos especiais são eficientes para entregar o que o filme propõe. Leia-se, saguinolência caricata. Já a direção de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, não é extremamente criativa, mas entrega o básico bem feito. 

Abigail conhece muito bem sua proposta, ser um terror divertido. Daqueles perfeitos para uma festa do pijama ou uma tarde no shopping. Não pretende ser mais do que um bom entretenimento momentâneo, e entrega bem o que promete. Se é o que procura, certamente vale o ingresso!

Abigail
2024 - EUA/Irlanda - 109min
Terror

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