O Príncipe do Natal: O Casamento Real

Há quem esteja surpreso com o lançamento de O Príncipe do Natal: O Casamento Real, eu não. Seja para elogiar ou criticar, as pessoas assistiram o filme original, O Príncipe do Natal, lançado há um ano, em volume suficiente para chamar a atenção. O resultado não foi apenas sua sequencia imediata, mas toda uma leva de produções natalinas criadas para a temporada de festas de 2018 no serviço de streaming. (Já tem críticas de dois deles, Crônicas de Natal e A Princesa e a Plebéia)

No Natal do ano passado a jornalista Amber (Rose McIver de IZombie), se infiltrou na casa real Aldovia, e ao invés de reportar os podres da realeza, se apaixonou pelo Príncipe Richard (Ben Lamb). Um ano mais tarde, Richard já é rei e seu casamento se aproxima. Entre as preparações da festança, os pombinhos precisam enfrentar agendas lotadas, protocolos e exigências da realeza, e um país em crise.

Depois de passar um tempo se perguntando o porquê do título se o mocinho já é rei, você vai notar que os empecilhos para o final feliz do casal, até que são bem críveis. Os desafios de um jovem rei, tentando lidar com um país em déficit e uma população descontente, e cada vez mais agressiva. Uma pessoa comum obrigada à se moldar aos rígidos protocolos e tradições centenárias. E uma agenda que impede que o casal de fato se relacione, são material para conflitos interessantes, e até atuais. Mas, a essência da franquia não é esta.

Assim como seu antecessor, este romance pretende apenas ser um entretenimento fácil e momentâneo. Apostando na familiaridade com o gênero, e na necessidade de pouco esforço para acompanhar a trama. Não me levem a mal, romances "água-com-açúcar" podem ser sim, excelentes filmes mesmo apostando na previsibilidade do gênero. Para isso precisa acertar na criação deste mundo de conto de fadas, no tom, ritmo, carisma e principalmente na química entre os personagens. Características que O Príncipe do Natal não possui.

Seu "reino mágico" é criado com cenários e figurinos genéricos. Mesmo as roupas de momentos chaves como o baile (no primeiro longa) ou o casamento, parecem não terem sido criadas, ou mesmo ajustadas, para os atores que iriam vesti-las. O tom não divide bem os momentos de humor e tensão, fazendo os personagens migrarem da preocupação ao relaxamento em apenas uma cena - o país está em crise, vamos todos parar tudo e andar de trenó! - O ritmo é prejudicado pelo vai-e-vem entre os dois problemas principais. E o elenco não entrega o suficiente para nos fazer nos importar realmente com nenhum deles. Mesmo as belas sequencias na neve, que chamam atenção no original, aqui foram trocadas por fundo em croma-key, provavelmente pela pressa de lançamento que não permitiria a espera pelo próximo inverno para realizar as gravações.

Ainda sim, é provável que você mergulhe em duas horas de entretenimento escapista com facilidade. Seja pela familiaridade, certeza do final feliz, curiosidade, para criticar com propriedade, ou ainda porque gostou. É uma produção otimista, com lições, e tema natalino, coisas das quais todos ficamos saudosos nesta época do ano. Logo, não precisa se envergonhar de embarcar nesta história bobinha e se descobrir feliz ao final da sessão.

O Príncipe do Natal: O Casamento Real poderia utilizar seu reino fictício para criar um paralelo com a sociedade atual. Poderia mostrar Amber, lutando por sua voz em meio à tradições retrógradas e nada feministas. Entretanto o filme prefere apenas pincelar estes conflitos como o caminho para mais um final feliz, não tão difícil assim de alcançar. A exemplo do o título que não admite que Richard pode ser mais do que é, ao ainda tratá-lo como príncipe quando este já é rei, esta produção natalina não pretende ir além do que já fez. A não ser talvez, para garantir uma nova sequência em 2019, logo, não se surpreenda se ela acontecer.

O Príncipe do Natal: O Casamento Real (A Christmas Prince: The Royal Wedding)
EUA - 2018 - 92min
Romance

Leia sobre O Príncipe do Natal, e confira as críticas de Crônicas de Natal e A Princesa e a Plebéia.

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