
Prestes a completar 16 anos, Sabrina Spellman (Kiernan Shipka, Mad Man) deve passar pelo Batismo das Trevas, o ritual que a inicia na sua vida como feiticeira. Mas a adolescente é meio bruxa, meio mortal, e dar adeus à sua vida entre os mortais, não é uma opção para a jovem. Some à difícil escolha entre os dois mundos, as dúvidas e impulsividade da idade, a pressão para seguir o caminho do pai bruxo famoso, o preconceito por ser mestiça e, claro, criaturas das trevas cheias de más intenções.
É no tom, que as duas versões de Sabrina nas telas se diferenciam. A primeira versão é uma sitcom de fantasia para toda a família. Já a Sabrina do novo milênio é um drama que flerta com o terror. A série faz proveito deste "tom mais sério" e da censura mais alta, para tratar de temas mais complexos, pertinentes tanto aos dias de hoje quanto aos desafios da adolescência.
Intolerância com o diferente, bullying, religiões abusivas, fé cega, empoderamento feminino, pressões familiares, entre outros temas, são abordados tanto no viés fantástico do mundo bruxo, como no lado mortal da vida de Sabrina. Mostrando que apesar da divisão os dois mundos talvez não sejam tão diferentes assim. Tão pouco estão desconectados, já que a cidadezinha de Greendale foi formada por encontros e embates entre os dois grupos.



No mundo mortal, os relacionamentos de Sabrina parecem escolhidos a dedo. O bom namorado Harvey (Ross Lynch, Austin & Ally) enfrenta a obrigação de seguir no negócio da família nas minas de carvão. Roz (Jaz Sinclair) é uma adolescente determinada e sincera, que enfrenta a possibilidade de ficar cega. Enquanto Susie (Lachlan Watson) sofre para tentar expressar a sua identidade de gênero. Um grupo de desajustados, cada um com seus arcos bem definidos, e com a devida importância na vida da protagonista.
Pausa aqui para ressaltar um detalhe importante, este grupo parece ser formado por adolescentes, tanto na aparência quanto na atitude. Bem diferente do apresentado na "série irmã" Riverdale, onde todos agem e tem privilégios de adultos, alem de parecem jovens sarados de 25 anos. Sim, Sabrina e Archie, são da mesma editora, e foram levados à telinha pelos mesmos produtores. Inicialmente a série da bruxinha, fora pensada para dividir o universo com a série da Warner. Mas com a mudança da obra para a Netflix a possibilidade de um crossover, está suspensa. Embora a cidade de Riverdale seja mencionada como vizinha algumas vezes.

Assumidamente voltada para o terror, a série não tem receio de fazer referências à obras do gênero. Seja temática e visualmente como os episódios que remente à A Hora do Pesadelo e O Exorcista, seja no cotidiano dos personagens, que são fãs destes clássicos. Assim a série engaja discussões e até veste alguns personagens referências à A Noite dos Mortos Vivos, A Mosca, Drácula, A Noiva de Frankenstein entre outros.
Quase um encontro entre Riverdale e Stranger Things (ou seria Supernatural?), O Mundo Sombrio de Sabrina combina os conflitos adolescentes com elementos de terror, combinação que muitos filmes já comprovaram ser eficiente, para abordar temas atuais. A diferença é que a série tem tempo para apresentar e desenvolver seus personagens, e estes são bem construídos e carismáticos. O resultado é uma nova versão de Sabrina, tão adorável e viciante quanto as anteriores da tela e das páginas.
O Mundo Sombrio de Sabrina, tem dez episódios com cerca de sessenta minutos cada, todos já disponíveis na Netflix. O segundo ano da série já está em produção.
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