"Situações desesperadas pedem medidas desesperadas!" Se a máxima é verdadeira na vida real, no cinema ela pode ser elevada ao extremo, para criar trillhers envolventes e agoniantes. Como é o caso de A Noite Sempre Chega, que não é excepcional, mas conquista nossa atenção e torcida, graças aos exageros e ao bom elenco.
Em uma cidade qualquer de um Estados Unidos financeiramente quebrado, onde a economia concentra as riquezas nas mãos de poucos, e condena os restante à miséria, Lynette (Vanessa Kirby) tem dois empregos para manter a família com o mínimo necessário para viver. Seu esforço está prestes a dar frutos, ela dará entrada na compra da casa em que vive com o irmão mais velho Kenny (Zack Gottsagen), portador de síndrome de Down, e a mãe Doreen (Jennifer Jason Leigh). Mas a matriarca põe tudo à perder deixando a filha com a difícil tarefa de reunir 25 mil dólares em uma noite, antes que o corretor aceite outra oferta.
Que Lynette vai fazer de tudo para conseguir o dinheiro já sabemos. A incógnita é o quão baixo ela vai ter que descer, como isso vai afetá-la. E, o quão bem o roteiro vai trabalhar os problemas e escolhas da protagonista ao longo da jornada.
O roteiro não é dos mais criativos, prostituição, roubo, drogas, traição, todos os itens da lista do submundo da sobrevivência são riscados. Mas o texto acerta ao colocá-los em uma crescente de perigo e urgência conforme mergulhamos noite à dentro. Um contador de tempo nem seria necessário para nos lembrar do prazo, mas ele está lá, aumentando um pouco mais a pressão.
Algumas situações são exagerdas ao extremo, é verdade. Outro recurso bem conhecido para intensificar a tensão, que deve desagradar apenas quem buscava uma obra extremamente realista. A esses ouso dizer, desde os primeiros instantes a obra anunciou seus exageros, ao mostrar uma sociedade onde morar na rua se tornou o padrão, e mesmo assim não parece haver revolta da sociedade, ou busca por melhora por parte dos líderes.O tema imobilíario aliás, é um dos pontos fracos do filme, que abandona o argumento em prol da jornada da protagonista. Uma vez utilizado o problema da falta de moradia como estopin para a história, nenhuma outra reflexão é feita sobre ele. Mas isso, só vai passar pela sua mente após a sessão. Durante o filme, sua capacidade de engajar é eficiente.
Também sabemos que vamos conhecer melhor essa mulher e seu passado. O que a torna tão determinada, e porquê não é considerada responsável e confiável por aqueles que a cercam. Tarefa que Kirb executa com maestria. Revelando, conforme as situações se complicam, toda a bagagem e sofrimento que a assombram desde a adolescênica. Através de uma atuação contida e cheia de camadas, expressando sentimentos muito mais por expressões e gestos, do que pelo texto de fato.É ela quem carrega o filme. Apoiada pelos bons trabalhos de Gottsagen e Leigh. Lynette conquista nossa confiança e torcida logo nos primeiros minutos de projeção. Já o diretor Benjamin Caron oferece o espaço quer Kirb precisa para trabalhar, enquanto cria uma atmosfera noturna ao mesmo tempo iluminada e ameaçadora. A cidade à noite é linda, uma beleza de faixada que se desfaz ao virar numa esquina errada.
A Noite Sempre Chega não é inovador e revolucionário. As criticas sociais fica apenas na superfície. Mas é envolvente e enervante, no melhor dos sentidos. Com um elenco eficiente como ponto forte, é um bom passatempo no catálogo da Netflix!
A Noite Sempre Chega (Night Always Comes)
2025 - EUA - 108min
Suspense, Drama
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