La Dolce Villa

Às vezes tudo que você procura em um momento de lazer, é um filme simples, de esforço intelectual mínimo e certeza de final feliz. E a Netflix, ou melhor o algoritmo dela, sabe muito bem disso. Inundando o catálogo de comédias românticas genéricas, mas que atendem aquela necessidade momentânea. O fenômeno da vez nesse quesito é La Dolce Villa

O viúvo Eric Field (Scott Foley), um empresário de sucesso viaja para uma vila remota na Itália com o objetivo de convencer a filha a desistir de comprar uma casa de um euro em ruínas. Incapaz de fazer a jovem Olívia (Maia Reficco) mudar de ideia, ele resolve ficar mais tempo para supervisionar a reforma e acaba se envolvendo no cotidiano da cidadezinha, em especial com sua prefeita Francesca (Violante Placido).

Se você assistiu mais de duas comédias românticas na vida, já sabe para onde a história vai correr. Encantamento pela região bucólica, descoberta de uma nova perspectiva e vontade de viver, e claro um romance de sonho. O diferencial aqui, é a locação bucólica e romântica, evocada por uma proposta real. Existem mesmo cidadezinhas europeias que "vendem" residências à um euro na tentativa de atrair novos moradores e evitar sua extinção. 

A surpresa é que o roteiro, apesar de romantizar a proposta, consegue enxergar alguns problemas da proposta dos sonhos. Não custa apenas um euro na verdade, as casas podem estar em estado deplorável, as cidadezinhas tem recursos limitados para restaurá-las, existe muita burocracia e confrontos com herdeiros, e até uma certa xenofobia por parte dos moradores locais, antes de poder desfrutar de sua propriedade bucólica. 

Mas não se engane, todos esses porém são meras vírgulas no roteiro, ou ainda ferramentas, para movê-lo. É claro que os protagonistas vão superá-los, mesmo que seja no último minuto. E viverão felizes para sempre, na deslumbrante vila do título. Nós por outro lado, logo sentiríamos falta, de shoppings cinema, TV à cabo e WiFi. Pense duas vezes antes de imitar esse sonho cinematográfico.

E por falar nos personagens, estes são os charmosos, adoráveis e genéricos habitantes de uma comédia romântica.  O empresário viúvo solitário focado em trabalho, que encontra semelhanças e vive trapalhadas fofas, com a prefeita viúva solitária focada em trabalho. A filha rebelde que precisa reconstruir o vínculo com o pai. O pretendente que não entende uma recusa. E toda uma gama de alívios cômicos para povoar a pequena cidade. 

Propositalmente previsível e sem riscos, o mais recente fenômeno esquecível da Netflix, entrega exatamente o que promete. Duas horas de escapismo confortável, com final agradável, pessoas bonitas, paisagens maravilhosas, e até um gostinho de programa de reformas. Você vai esquecer La Dolce Villa horas depois de terminar o filme, mas deve se divertir enquanto assiste. 

La Dolce Villa 
2025 - EUA - 99min
Comédia romântica 

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