Originalmente, Round 6 foi pensada para ter uma única temporada, com final em aberto que fomentaria discussões e interpretações por anos. Mas o sucesso estrondoso da letal série sul-coreana, a condenou à obrigatoriedade de novas temporadas. Arriscando sua originalidade, coerência e até seu sucesso. Assim, três anos depois, chega o segundo ano, que parece contornar bem os perigos de seu retorno.
Desde que ganhou sua edição e desistiu de entrar no avião, Gi-hun (Lee Jung-jae) tem apenas um objetivo, encerrar os jogos e punir seus criadores. E graças à vitória tem recursos pra isso, mas não vai muito longe até unir forças com o policial Jun-Ho (Wi Ha-Joon), desacreditado por não conseguir provar tudo que viveu na ilha. É através do esforço conjunto que o protagonista volta a ser o jogador 456, entrando novamente no jogo da morte. Dessa vez não para ganhá-lo, mas para pará-lo.
Assim, Round 6 traz de volta e expande discussões antigas, sob novas perspectivas. Além de levantar novos temas. Sendo o mais relevante deles a ganancia humana. Repetido e revisto à exaustão, mesmo antes do jogo ter início, como aponta bem a cena da escolha entre pães e raspadinhas. É contra essa ganância, aliada, amplificada e até "justificada" pela necessidade à níveis desesperadores que Gi-hun precisa lutar. Convencer as pessoas que suas vidas valem mais do que dinheiro, não é tarefa tão fácil quanto parece.
Enquanto isso, o público ganha uma preocupação extra com a presença do jogador 001, que sabemos ser Front Man (Lee Byung-hun), o diretor dos jogos e irmão de Jun-Ho. A presença do antagonista adiciona mais uma camada de urgência à narrativa. Quais seus objetivos? Como vai interferir? 456 realmente confia completamente nele, ou se recorda do jogador de mesmo numero da edição anterior?
Por fim, o retorno do Recrutador (Gong Yoo) é outro que decepciona. O personagem apenas perde sua aura etérea e austera, para se tornar um torturador comum, e facilmente descartável. Ok, sabíamos que ele era apenas uma pequena peça substituível da grande engrenagem do jogo. Mas um personagem tão icônico, poderia ter um desfecho melhor trabalhado.
De volta ao que funciona, os jogos em si, e como esse grupo de pessoas reage a ele, é o grande atrativo da série. Mas dessa vez sem o frescor da novidade, embora a maioria dos desafios seja novo, e com a necessidade de repetição constante. Característica das séries de streaming pensadas para serem consumidas em maratona.
Essa repetição somada à uma demora para dispor as peças no tabuleiro, e começar de fato a trama criam uma temporada menos dinâmica. Não chega a comprometer a experiência como um todo, mas a série cansa a audiência mais rápido, que a primeira temporada, mesmo tendo menos episódios. E claro, o final em aberto, literalmente interrompendo o clímax no meio, vai irritar muita gente. Mesmo com o anuncio da terceira e última temporada para 2025.
A segunda temporada de Round 6 não precisava existir. Mas, diante da obrigatoriedade mercadológica, a produção se sai bem em atualizar seus temas, se manter relevante e instigante. Há um cansaço inerente à continuação forçada, mas ainda é um dos melhores produtos da Netflix.
A segunda temporada de Round 6 tem sete episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Netflix.
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