De boas ideias o cinema está cheio, já a capacidade de executá-las da melhor maneira nem sempre é uma constante. É o caso de Não Se Mexa, terror psicológico da Netflix, que se apoia no nome de Sam Raimi como produtor, mas tem em sua premissa seu maior chamariz.
Iris (Kelsey Asbille) está prestes a tirar a própria vida quando um desconhecido (Finn Wittrock) a faz desistir da ideia, apenas para injetar nela um paralisante. O homem é um serial killer que paralisa suas vítimas antes de executar seus crimes. Agora, a moça tem apenas vinte minutos antes do veneno fazer efeito para fugir do assassino.
Perigo mortal, corrida contra o tempo, e uma protagonista em luto que percebe que ainda tem muito à viver diante da possibilidade de lhe tirarem a vida. A premissa de Não se Mexa parece promissora, é o desenvolvimento que deixa a desejar. Não que seja um desastre, pelo contrário, o filme é um bom entretenimento, mas não consegue escapar de clichês e outras previsibilidades.
São nos primeiros vinte minutos de ameaça que a produção entrega o seu melhor, na dinâmica entre caça e caçador. Mas quando a moça finalmente se encontra completamente vulnerável, o roteiro precisa trazer novos pequenos personagens, apenas para prolongar a história o suficiente para que a moça tenha novamente capacidade de reagir. O problema é que sabemos desde o princípio, que essas ajudas externas dificilmente mudarão o status quo do embate, e só nos resta esperar até que a história continue.
Ainda sim, os mais curiosos, ou com maior capacidade de envolvimento (leia-se maior suspensão de descrença), vão encontrar entretenimento momentâneo, neste miolo do filme. Não é original e revolucionário, mas é crível. O desfecho por sua vez, exige ainda mais da suspensão de descrença, com escapadas mirabolantes e sobrevivências impossíveis.
Kelsey Asbille e Finn Wittrock não entregam atuações memoráveis, mas convencem em seus papéis. Especialmente ela, ao partir de uma mulher enlutada prestes a desistir da vida, passando por se expressar apenas pelo olhar, até se tornar alguém que luta pela vida da qual havia desistido antes.
Já a direção fica no lugar comum, perdendo a oportunidade de mostrar boa parte da história, se não toda ela do ponto de vista de uma pessoa paralisada. Escolha que envolveria muito mais o público, além de aumentar o horror com a impossibilidade de reagir ao mundo ao seu redor.
Ao final das contas Não Se Mexa não é tudo que poderia ser. Parte de uma premissa intrigante, para uma execução mediana e um desfecho com muitas ressalvas, mas ainda é um entretenimento fácil para que gosta do gênero, e quer passar algumas horas de distração imóvel no sofá.
Não Se Mexa (Don't Move)
2024 - EUA - 92min
Suspense, Terror
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