Foi acidentalmente que encontrei e dei play em Os Horrores do Caddo Lake no catálogo da Max. Por algum motivo, fiquei imune ao material promocional, que alardeava o envolvimento de M. Night Shyamalan na produção. Nome que inevitavelmente nos faria ter determinadas expectativas sobre o filme, que poderiam arruinar a experiencia. Então, contra intuitivamente, sugiro que você assista o filme primeiro, e depois leia esta crítica.
Ainda está por aqui? Ou já voltou? Então vamos lá...
Paris (Dylan O’Brien) não consegue lidar com o luto pela perda da mãe. Preso por anos na tentativa de entender o que aconteceu, já que não acredita no diagnóstico dos médicos, de que ela teve uma convulsão inesperada que causou seu acidente. Ao mesmo tempo, acompanhamos Ellie (Eliza Scanlen) membro de uma família misturada, com mãe, padrasto e irmã postiça. Pois é o sumiço da irmã Anna (Caroline Falk), que coloca nossa segunda protagonista no mesmo estado de investigação de Paris.
Com o Caddo Lake, uma área inundada por uma represa, parte importante do cotidiano da comunidade, e em uma severa seca como cenário principal, eventos estranhos desafiam os personagens. Assim, a primeira metade do filme não tem pressa. Usando o ritmo mais lento para plantar várias perguntas e posicionar várias peças de um interessante e bem criado quebra-cabeças.
Uma pena apenas, que a produção não tenha tanta verba para executar suas ideias. Precisando encontrar soluções criativas, como o bom uso do cenário nada convidativo do lago. E às vezes entregando o que é possível, como efeitos especiais bastante fracos. Felizmente a boa escolha do elenco compensa, já que Dylan O’Brien e Eliza Scanlen, além de eficientes em passar a angústia e obsessão dos personagens, ainda conquistam nossa fidelidade com muita facilidade. Mesmo, em se tratando de pessoas pouco simpáticas e difíceis de lidar.
Os Horrores do Caddo Lake, é criativo, bem conduzido, conta com boas atuações e um desfecho surpreendente e intrigante. Características que compensam as poucas falhas da produção, e recompensam aqueles que tiverem paciência com a introdução mais lenta. Desde que você não vá para a sessão buscando reviravoltas específicas, e crie suas teorias enquanto assiste. Então já fica a dica, a expectativa é a maior inimiga das boas experiencias!
A resenha acabou no paragrafo anterior, agora hora de comentar um pouquinho o final. Spoilers à frente, siga por sua conta e risco!
Se a dúvida inicial é como as histórias de Paris e Ellie se conectam, a resposta é: eles são família, e foram afetados pelo mesmo fenômeno em épocas diferentes. A seca do Caddo Lake abre portais temporais, temporários na região, e nossos personagens passam por eles desavisados.
Paris está investigando a morte da mãe em 2003. Anna desapareceu em 2022, passando por um portal que a levou para 1952. Paris passou pelo mesmo portal e resgatou a menina na década de 50, antes de viajar no tempo mais uma vez para 2022. Já Ellie viaja para 2005, onde consegue as informações que esclarecem o mistério. Anna ficou em 52, teve uma vida completa, morrendo em 1999, e deixando para trás seu filho Paris. O rapaz por sua vez, desaparece em 2003, deixando a namorada grávida de Ellie.
Assim, Anna é irmã postiça de Ellie, mas também sua avó. Já que viajou no tempo e se tornou mãe de Paris, o pai da adolescente que desapareceu antes mesmo dela nascer. Parece confuso, e é! Mas o roteiro é eficiente em explicar, conectar os pontos, e esclarecer todas as pistas e dúvidas.
Os Horrores do Caddo Lake (Caddo Lake)
2024 - EUA - 99min
Suspense, Mistério
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