Será que quem conhece o jogo consegue se empolgar mais? - Foi esse o pensamento que tive ao sair da sessão de Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo. Então me lembrei, que o filme é uma obra independente. Conhecer o jogo não deveria ser pré-requisito para assisti-lo.
Baseado em uma popular franquia de videogames, Borderlands acompanha Lilith (Cate Blanchett). Uma caçadora de recompensas em uma missão aparentemente simples, resgatar a filha do dono de uma das maiores corporações do universo. É claro que não demora muito para ela descobrir que há muito mais por trás disso. Trata-se de uma missão para salvar todo um planeta, o que a faz reunir forças com o mercenário Roland (Kevin Hart), a pré-adolescente abusada Tina (Ariana Greenblatt), e seu protetor monstruoso Krieg (Florian Munteanu), a cientista esquisita Tannis (Jamie Lee Curtis) e o robô falante Claptrap (voz de Jack Black).
Uma equipe descolada, cheia de estilo, interpretada por atores eficientes e carismáticos, que ainda sim não consegue conquistar a fidelidade do público. Seja pela construção rasa de suas bagagens, seja pelas personalidades caricatas e igualmente sem profundidade. O que os transforma em personagens aborrecidos, repetitivos e consequentemente cansativos. Desde a protagonista de Blanchett, a personagem solitária, durona, mas que por dentro é cheia de empatia, até o robô falastrão irritante de Black, visivelmente criado como uma mistura de R2D2 e C3PO, para tentar vender bonecos.
Já a aventura é episódica como as fazes de um vídeo game, o que não é um demérito, apenas a forma escolhida. O problema é que a regras, e o mundo não são conhecidas do grande público, e mesmo quando apresentadas não são sempre coerentes. Um belo exemplo é um certo acido que corrói todo e qualquer tipo de material, mas quando conveniente, é transportado por tubulação comum.
A falta de conhecimento, somada a dificuldade em criar empatia pelos personagens, transformam o que deveria ser uma aventura frenética em uma jornada longa cansativa, cuja a recompensa final é bastante previsível. Por mais que seja delicioso ver uma Cate Blanchett super poderosa, a entrega não é suficiente para justificar a jornada.
Cenas de ação caóticas, apontadas até nos pôsteres, poderiam ser o fator que justificariam a aventura. Mas, apesar de bem executadas, não oferecem o caos e desprendimento que propõe. Se levam a sério demais, não tem coragem de exagerar à todo momento como a proposta de caos sugere, e por isso, perdem o fator diversão. Além quando lida com os personagens em separado numa mesma batalha, eventualmente a montagem esquece um deles pelo caminho. O que nos faz pensar: onde está fulano? Porque não vem ajudar na luta?
Já o principal chamariz é o excelente elenco, que faz o que pode com o roteiro caricato, e os diálogos pouco inspirados que recebe. Quem conseguir ser conquistado por eles, vibrarão por ver uma Cate Blanchett "bad-ass", ou sua parceria com Jamie Lee Curtis. Mas não necessariamente vão vibrar por Lilith e Tannis. Nos empolgamos com os intérpretes, não com os personagens.
Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo (Borderlands)
2024 - EUA - 102min
Ação, Ficção-científica, Aventura, Comédia
إرسال تعليق