Todo fã de Star Wars sabe que houve uma época de democracia, onde Jedi mantinham a paz por toda a galáxia. Esse período é quase sempre reverenciado de forma utópica. Entretanto se assim fosse, não seria fácil corrompê-lo. Entre as muitas boas ideias de The Acolyte, nova série da franquia, está a de mostrar que essa memória idealizada é falha, e como em qualquer período histórico a Alta República tem seus problemas. Tudo isso, através de uma história pontual, e sem muitas amarras com o que já fora apresentado.
Cerca de cem anos antes da jornada dos Skywalker, uma série de assassinatos leva o Mestre Jedi Sol (Lee Jung-jae) a procurar sua antiga pupila. Osha (Amandla Stenberg) abandonou a ordem antes de terminar seu treinamento, e está sendo acusada de cometer tais crimes. Ciente da inocência da antiga padawan, e da possibilidade da existência de outra, o mestre a convoca para encontrar a verdadeira culpada, sua irmã Mae (Amandla Stenberg).
Trata-se de uma tradicional histórias de gêmeas (embora elas não sejam isso de fato) em lados opostos da disputa. Ou, nesse caso, da luz. O que por si só, já pode afastar que não gosta desse tropo. Outro fator desagregador, é o fato de se tratar de uma história inédita, indo de encontro às expectativas daqueles que consumiram os inúmeros livros, quadrinhos e games que abordam esse período, e esperavam maior conexão com as histórias que conheciam.
Por outro lado, essa ausência de amarras com o material prévio, transforma The Acolyte em uma boa porta de entrada para um novo público. Já que não é preciso assistir nove filmes, e inúmeras séries acompanhar a história. É claro, quem já conhece o universo, vai aproveitar os por menores, referências e easter-eggs. Mas quem está chegando agora não ficará de fora. Agregar novos fãs é uma necessidade crucial para uma franquia longeva.
The Acolyte não tem amarras com histórias específicas, mas sim faz parte do universo, segue suas regras e traz elementos marcantes. E a partir disso, propõe boas ideias, desde uma observação menos idealizada da Ordem Jedi, que aqui tem conflitos internos, embates de personalidades, e falhas, tanto da organização quanto de seus membros. Passando pelos tipos de trabalhos disponíveis para civis. A existência de outros tipos de usuários da força. E a mais curiosa delas, que sim promete conexão com a jornada de Anakin, a geração de vida através da força.
Conceitos interessantes, tanto originais, quanto resgatados de outras obras, mas cuja exploração deixa a desejar. Um roteiro oscilante, com diálogos frágeis, e alternância entre bons e maus momentos, entregam uma série que não atinge seu potencial. Se por um lado temos personalidades interessantes como a de Mestre Sol e Qimir (Manny Jacinto), por outro temos atitudes não tão coerentes deles. Assim como conveniências, como "sentir a presença de outros com a força", apenas quando roteiro precisa. Esta última, uma falha recorrente não apenas aqui, mas em toda a franquia.
Enquanto a direção dos episódios mantém essa oscilação, resultando até e capítulos com duração muito diferentes. A execução das sequencias luta é interessante, e guarda bons momentos ainda que não seja inovadora. Com destaque para o embate final entre Sol e Qimir. Figurino e direção de arte, se saem bem, ao ampliar o mundo (leia-se fornecer novos bonecos, e opções de cosplay), e situar a aventura na linha do tempo da franquia.
Já o elenco é o ponto forte da produção, cheia de bons nomes e interpretes dedicados, mesmo quando o roteiro que lhes é entregue não colabora. O que faz com que alguns talentos como Dafne Keen, Carrie-Anne Moss, Jodie Turner-Smith e Charlie Barnett sejam sub aproveitados. Deixando os destaques apenas para Amandla Stenberg, Lee Jung-jae e Manny Jacinto. Além das gêmeas Leah e Lauren Brady, que vivem as versões mirins de Osha e Mae. O episódios de flashback são os mais interessantes da temporada.
Com um desfecho corrido e mal trabalhado, a série ainda posiciona as peças, ou melhor, personagens, para uma possível segunda temporada. Que se, trabalhada com mais esmero, tem conteúdo e potencial para ser muito melhor.
Por hora, The Acolyte é uma produção mediana. Boa para abraçar um novo público, e satisfazer a necessidade dos fãs antigos de passar um tempinho a mais nesse universo. Em outras palavras, não é excelente, mas tem pontos bons o suficiente para entreter.
The Acolyte em oito episódios e está disponível no Disney+!
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