Riley está passando por grandes mudanças, e isso causa um desequilíbrio na "sala de controle" da sua mente. O que só piora quando algumas emoções se perdem na imensidão complexa de seu cérebro. Sim, o argumento de Divertida Mente 2 é muito parecido com o do filme original de 2015. Mas não se engane, a mente humana é complexa o suficiente, para abrigar novas dificuldades e formas de amadurecimento, a partir de uma mesma proposta.
Riley (voz de Kensington Tallman, e Isabella Guarnieri na versão brasileira) vai mudar de escola, tentar entrar em um novo time e ainda descobre que não vai ter a companhia de suas antigas amigas. Como se não fossem desafios suficientes, ela também completou treze anos, acionando o botão da puberdade instalado no final do primeiro filme. Que automaticamente torna tudo mais intenso, e traz novas emoções com que a garota, ou melhor seus "divertidamentes" precisam aprender a lidar. Em especial com a controladora Ansiedade (Maya Hawke/Tatá Werneck).
Se no primeiro filme a Pixar falou sem medo e de forma criativa sobre depressão, agora o estúdio faz o mesmo com a ansiedade. Emoção que em um mundo acelerado como o de hoje é cada vez mais, frequente no nosso cotidiano. Passeando por áreas novas e antigas da mente da personagem cenário, Riley, apresentando novos conceitos, enquanto tenta compreender a função não apenas dessa nova emoção controladora, mas de todas as outras novas aquisições. Tédio (Adèle Exarchopoulos/Eli Ferreira), Inveja (Ayo Edebiri/Gaby Milani) e Vergonha (Paul Walter Hauser/Fernando Mendonça), também se juntam aos já conhecidos Alegria (Amy Poehler, Miá Mello), Tristeza (Phyllis Smith/Katiuscia Canoro), Medo (Bill Hader/Otaviano Costa), Raiva (Lewis Black/Léo Jaime) e Nojinho.
O caminho pode parecer o mesmo, mas a jornada é completamente diferente. À começar pelo fato de que uma das emoções alcança o status de vilã, coisa que não havia no filme anterior. Tomando a sala de controle para si, e mudando a personalidade da menina literalmente. Uma vilã que não será derrotada de forma tradicional, já que aprendemos no primeiro filme que todas elas tem suas funções. Mas que cria um embate suficiente para movimentar a história.Outras diferenças notáveis, são as novas áreas do cérebro da , agora, adolescente. Que poderiam já existir e não terem sido visitadas, ou regiões completamente novas. Além disso novas características e habilidades surgem a todo momento. Enquanto lugares já visitados antes, podem ter uma cara nova, para acomodar o que a garota aprendeu ou esqueceu ao longo dos anos.
Destas as novidades mais interessantes são o senso de si, que de fato começa a ser construido nessa idade. E a "área do melhor não pensar nisso", sentimentos e memórias reprimidas, que eventualmente vão transbordar. Tudo sempre pensado de forma criativa, e rica em detalhes. Ainda temos muito a compreender do cérebro, mas aquilo que sabemos, a Pixar parece saber trabalhar muito bem. Criando alegorias, e transformando em palpável conceitos complexos. Um dos meus detalhes favoritos, é como a Ilha da Família diminui, contraponto com o crescimento da ilha da amizade. Afinal, que adolescente quer passar tempo com os pais?
Preciosismo que transpassa para além dos detalhes da mente, para o mundo em que Riley de fato five. Das unhas coloridas e descascadas, passando pelas espinhas, aos rostos suados e corados quando as crianças praticam esportes, a produção está atenta para refletir do lado de fora todos o detalhes, desafios e agitação dentro da menina. O que culmina no clímax com uma cena de crise, extremamente realista. Ainda que não tão emotiva quanto, a resolução do filme anterior.
E por falar no filme anterior, uma grande dúvida era, como esse filme explicaria a ausência destas novas emoções nos adultos que vimos. Divertida Mente 2 não explica diretamente, mas a resposta está lá para quem quiser procurar. E sim, não é perfeita, mas é satisfatória.
Não é incomum ficarmos receosos, quando sequencias vem mexer em clássicos, e não entregar algo à altura. E Divertida Mente de 2015 é um jovem clássico da animação, que conversa com as crianças, e desmonta adultos. Divertida Mente 2 não tem o frescor da novidade, é verdade. Mas tem o aconchego de revisitar velhos conhecidos, e a mesma capacidade emocional e comunicativa que o anterior. Além do capricho esperado do estúdio.
Em uma era que a Disney parece preferir apostar em obras estabelecidas, ao invés de originais, é bom saber que ao menos ainda há cuidado com essas propriedades. Há uma história a ser contada, e não apenas uma tentativa de fazer dinheiro baseada na mera repetição. Em resumo, que bom estar de volta na mente da Riley!
Divertida Mente 2 (Inside Out 2)
2024 - EUA - 96min
Animação, Aventura
Leia a crítica do primeiro Divertida Mente!
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