A Idade Dourada - 2ª temporada

Não é apenas de Succession que vivem as rinhas de rico fomentadas pela HBO! Menos badalada, mas igualmente caprichada A Idade Dourada (ou The Gilded Age no original) acaba de encerrar sua segunda temporada. Entregando ainda mais a intriga, a futilidade, o luxo e a boa novela que encantaram quem acompanhou o primeiro ano da série criada pelo criador de Downton Abbey, Julian Fellowes  .

Partindo do ponto em que paramos no ano anterior, a Guerra da Ópera patrocinada pela alpinista social Berta Russel (Carrie Coon, sendo uma diva) tem seu palco ao longo da temporada. Com os membros de renome sendo disputados quase à tapas pela antiga Academia, elitista e restrita, e pelo Metropolitan novo luxuoso, e com espaço para os novos ricos também. 

Mesmo sabendo o resultado da disputa, apenas um dos teatros existem até hoje, é impossível não ficar ansioso para ver como o impasse vai se solucionar. Quem vai ser escolhida pela sociedade, a ambiciosa e calculista Sra. Russel, ou a influente (e personagem real) Sra. Astor. Bem como o que cada um está disposto a arriscar nesta batalha.

Ao mesmo tempo acompanhamos, a evolução de Marian (Louisa Jacobson) que chegou a morar de favor com as tias, começa a buscar independente financeira e social, mas é atropelada pela obrigatoriedade do casamento. E por falar em casamento, a solteirona Ada (Cynthia Nixon) conquista um por amor, finalmente saindo debaixo da asa da irmã a rígida e tradicional Sra. Van Rhijn (Christine Baranski maravilhosamente irritante) e causando uma revolução na família. 

Há também a jornada profissional e amorosa da Srta. Peggy Scott (Denée Benton) que é excelente em mostrar os diferentes desafios e níveis da evolução social dos negros nos Estados Unidos naquele período. Enquanto NY abrigava uma abastada classe média, outras regiões do país ainda lutavam para dar o passo seguinte à abolição. Embora ambos ainda precisem enfrentar os boicotes da sociedade racista. 

Outros pequenos arcos, que podem ou não crescer em temporadas futuras, preenchem o tempo da temporada. Como o breve romance de Larry Russel (Harry Richardson), a revolta trabalhista que ameaça os lucros dos Russel e os anseios e desafios dos empregados. Este é provavelmente a única grande falha da série, que assim como sua predecessora Downton Abbey, se propõe a mostrar também a vida dos funcionários dessas grandes famílias e suas relações com os patrões. Mas com o dobro de personagens, e menos episódios, a criadagem tem pouco espaço para desenvolver suas histórias próprias. 

De fato, é muita gente em cena como um todo. Vários senhores, senhoras e senhoritas, dos quais mal conseguimos lembrar dos nomes. Felizmente as famílias Russel, Van Rhijn e a Srta. Peggy conseguem ser memoráveis e cativar o público o suficiente para fazermos aquele esforço extra para compreender quem é quem nessa povoada sociedade.

Já a qualidade técnica é impecável, como esperado tanto de uma produção HBO, quanto de Julian Fellowes. O que aqui significa uma reconstrução de época impecável, cenários grandiosos, opulentos e figurinos deslumbrantes, que não apenas encantam os olhos mas acrescentam muito ao contexto. Basta ver as diferenças entre a residência soturna, apertada e escura da tradicional família Van Rhijn em contraste com a ampla, luxuosa e iluminada mansão Russel. Ou mesmo como os figurinos de Carrie Coon, são mais ousados, caprichados e modernos que das demais personagens. Refletindo sua personalidade forte, impetuosa e seu espírito de vanguarda. 

Há ainda tempo para costurar toda essa intriga fictícia, com personalidades e eventos reais da efervescente Nova York do final do século XIV.  Como a já mencionada disputa de casas de ópera que realmente existiu, ou ainda o avanço que fora a construção da ponte do Brooklin.

Tudo isso combinado em um novelão (no melhor dos sentidos) delicioso de assistir. É dramaturgia bem feita, empolgante e viciante. Que venham mais temporadas de rinhas de rico, e suas disputas fúteis e divertida, que nós na camada mais baixa do capitalismo só podemos apreciar à distância. 

A primeira temporada de A Idade Dourada tem nove episódios, a segunda tem oito, cada um com cerca de uma hora cada. Todas disponíveis na HBO Max  na grade dos canais HBO. 

Leia a crítica da primeira temporada, 7 motivos para assistir A Idade Dourada, ou ainda um pouco mais sobre Downton Abbey.

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