Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Muitos talvez não façam a conexão, mas os brasileiros já tinham uma relação afetiva grande com Dungeons & Dragons, muito antes de o jogo viralizar ao aparecer em séries como Stranger Things e The Big Bang Theory. Já que o adorado desenho Caverna do Dragão, é uma versão do jogo em forma de série animada. Entretanto, a referência não ajuda em nada a tarefa de Honra Entre Rebeldes, mais nova produção a tentar vencer o desafio que é recriar nos assentos do cinema a sensação de imersão e participação que apenas o jogo proporciona.

Após passar anos preso ladrão de bom coração Edgin (Chris Pine), escapa determinado a reencontrar a filha e reaver uma relíquia perdida. Tarefa que exige que ele derrotem um poderoso Lord e sua parceira bruxa das trevas. O que ele vai tentar na companhia de sua amiga durona Holga (Michelle Rodriguez), do mago sem talento Simon (Justice Smith) e da metamorfa Doric (Sophia Lillis). 

Eu provavelmente não usei nenhuma das terminologias corretas do RPG para descrever os personagens acima. O que só deixa bem claro, que não é preciso ser um conhecedor do jogo para acompanhar o longa. Ainda que este explore bastante seu universo e estilo narrativo. Com um objetivo definido, o personagens precisam executar tarefas, que levam a novos desafios, que culminam no grande embate com o inimigo. 

Ao longo desse processo, eles acumulam conhecimentos, artefatos, armas, fazem amigos e inimigos, que vão ajudar ou atrapalhar cada missão. Em algumas tarefas eles serão bem sucedidos, em outras falharão miseravelmente, e precisarão usar suas habilidades para encontrar novas formas de resolvê-las. Felizmente, este não é apenas o caminho básico de um RPG, mas também é a formula para uma narrativa de aventura. E é por esse caminho, que Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes escolhe seguir. 

Ainda sim, a aventura demora a engrenar, isso porque o primeiro ato do filme se dedica a apresentar esse universo de fantasia, suas regras, e moradores. Uma vez que todos os elementos estão devidamente posicionados no tabuleiro e a equipe parte na primeira missão, o ritmo acelera e a diversão também. A cena do cemitério, é definitivamente o marco dessa virada, que aponta também o aumento no humor. Ainda que a produção seja menos "galhofa" do que poderia.  O roteiro está ciente, este é um filme para se divertir, não para levar a sério. Abraçando um tom aventuresco e bem humorado, semelhante à franquia Piratas do Caribe, mas um pouco mais tímido em suas piadas. 

O elenco formado por nomes conhecidos, não precisa fazer muito além de abraçar e se divertir com seus estereótipos. O bom ladrão, o trapaceiro, o mago inseguro, a brutamontes superprotetora..., todos devidamente bem definidos e com habilidades bem claras. Chris Pine, Hugh Grant entregam os que seus personagens precisam com facilidade. Enquanto Justice Smith e Michelle Rodriguez encarnam personagens nos quais estamos acostumados à vê-los. A surpresa fica por conta do honrado e absurdamente literal cavaleiro vivido por Regé-Jean Page. Sophia Lillis, Chloe Coleman e Daisy Head completam o time com carisma, no caso das duas primeiras, e proposital caricatura no caso da última. 

A produção caprichada chama atenção com uma construção de mundo coesa e criativa, trazendo muitos elementos e referências dos jogos para deleite dos iniciados. Criaturas, figurinos e adereços, compõem um mundo interessante, e crível de abrigar não apenas essa, mas muitas aventuras fantásticas. Deste grupo em particular, ou de quaisquer outros personagens. 

As sequencias de luta também aproveitam todas as possibilidades daquele mundo e seus habitantes. Combinando poderes, habilidades de luta, elementos de cena e criaturas de forma dinâmica e e criativa. O CGI é não surpreende, mas é eficiente, e usado à exaustão, para tornar os cenários grandiosos, e as criaturas fantásticas.

Para não dizer que sou só elogios, o filme tem sim algumas falhas. Além de demorar a engrenar, devido a necessidade de apresentar o mundo à espectadores não iniciados. Junto com essa apresentação, há um excesso de narração, que pode soar cansativo, ao menos até o momento em que se torna piada ao fim do filme. O longa também escolhe um caminho bem previsível, cheio de conveniências e soluções fáceis. Nada que atrapalhe aqueles que aceitarem a proposta mais descompromissada do roteiro. 

O RPG em questão já teve algumas adaptações fracassadas desde seu surgimento, à exceção era mesmo a série animada que, devo ressaltar, só fora sucesso estrondoso no Brasil. Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes já supera e muito seus antecessores, ao ser uma aventura divertida e bem produzida. Não reinventa a roda, mas entretém de forma eficiente o suficiente para se transformar em uma franquia de sucesso. Então, que venham novos filmes de "Caverna do Dragão"!

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves)
2023 - EUA - 134min
Aventura, Fantasia 

Postado originalmente em 19/03/2023!

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