Reprise: Willow – Na Terra da Magia

Minha memória relacionada à Willow – Na Terra da Magia era absolutamente pouca. Apesar de ter assistido ao filme na Sessão da Tarde várias vezes, lembrava apenas da figura de Warwick Davis resgatando um bebê de um rio. E então vem o Disney+, em sua jornada de espremer cada franquia a que tem acesso até o fim, e resgata a Terra da Magia dos longínquo 1988  e decide retomar a história em forma de série. Foi aí que resolvi revisitar o original, e descobrir se a aventura ainda vale a sessão. 

Willow Ufgood (Warwick Davis) é um fazendeiro que sonha em ser feiticeiro. Seu cotidiano é abalando quando seus filhos encontram um bebê em um rio. Pertencente a outro povo, a criança é a princesa profetizada como salvadora o mundo da tirania da rainha Bavmorda (Jean Marsh), e por isso é perseguida pela soberana. Willow é encarregado de levar a garota para um local seguro, e para isso conta com a ajuda improvável do trapaceiro Madmartigan (Val Kilmer), enquanto atravessa uma terra cheia de criaturas mágicas, povos diferentes, magia e perigos. 

Uma clássica aventura que apenas a década de 1980 era capaz de produzir, Willow – Na Terra da Magia não é a mais original das histórias, é verdade. É a tradicional jornada do herói, com influencias que vão de Moisés à rainha má da Branca de Neve. Mas é inegável o esforço para se criar um universo próprio a partir dessa salada de referências e inspirações conhecidas.

Alguns dos esforços foram melhor sucedidos que outros, como o carisma e a boa dinâmica formada por Davis e Kilmer, a variedade de povos e lendas daquela terra e a criatividade da direção de arte e figurinos para dar uma personalidade própria àquele mundo. Entre as escolhas que não funcionam tão bem estão o romance obrigatório e mal construído entre Madmartigan e Sorsha (Joanne Whalley), e o tom genérico da vilã e seus capangas. 

Já a criação de reinos e povos com nomes complicados e culturas distintas é interessante. Entretanto, precisávamos de mais tempo e informações desse mundo para de fato aprender, distinguir e decorar tudo que nos é contado. Talvez a série finalmente supra essa necessidade. Já os fãs mais fervorosos, podem procurar os livros lançados após o filme, que expandiram esse universo lá na década de 80. 

E por falar na vilã, a profecia relacionada a ela e que a motiva por todo o filme é o que mais incomoda na produção. Uma vez que cai no clichê de profecia autorrealizável, a pessoa tenta tanto evitar que causa o evento amuniciado. Será que se ela nunca tivesse ouvido a predição, ou apenas a tivesse ignorado, o resultado seria o mesmo? Mas acredito que esta não é uma falha do filme simplesmente, mas um equivoco recorrente, sempre que profecias estão presentes em histórias de fantasia.

Ron Howard segue a risca a cartilha do gênero na época. Elementos que soam caricatos pós-trilogia do Anel, mas que eram característicos e esperados quando o filme foi lançado. O que inclui a predominância de efeitos práticos, mesmo porque a tecnologia da época não permitia muito com efeitos digitais. Assim, saudosistas podem se deliciar com cães fantasiados, monstros de stop-motion, muito trabalho de dublês e figuração. 

Bem produzido (para os padrões de sua época), e bastante divertido, Willow – Na Terra da Magia é uma sessão nostálgica que merece a revisita de quem o viu décadas atrás. Para os mais jovens, acredito que seja uma curiosidade ver como eram os filmes de aventura de outrora. Para ambos, é ponto de partida necessário para acompanhar Willow, a nova série do Disney+

O programa usa muito do que fora apresentado no longa, e expande o universo a partir daí, mas isso é assunto para outro post. A série chega ao fim esta semana, e sim, vai ter resenha por aqui. Por hora deixo a dica de que a produção vale sim a reprise, ou a descoberta. 

O único porém fica por conta do Disney+, que não disponibilizou a versão dublada do longa. Oferecendo apenas a versão legendada que pode dificultar o acesso de alguns. Já a série tem sim opção de dublagem. 

Willow: Na Terra da Magia (Willow)
1988 - EUA - 126min
Fantasia, Aventura

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